O peso das circunstâncias

Qualquer especulação sobre as eleições de 2012 é, por enquanto, só especulação. Sobre as de 2014, então...



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Não existe candidato sem chance, não existe eleição decidida três meses antes, quanto mais três anos antes. Isso é elementar para quem trabalha com eleições, seja como político, candidato, marqueteiro, consultor, assessor ou jornalista. Todos esses conhecem inúmeras histórias de notórios sem chances que se elegeram e de eleições garantidas que viraram nos últimos dias.

Nada mais sem sentido, pois, do que querer antecipar, agora, o que vai acontecer nas eleições municipais de 2012 e, muito menos, para governador e presidente em 2014. Pode-se até construir cenários, fazer previsões com base em tendências apontadas em eleições passadas, mas dizer agora que fulano vai ganhar e sicrano vai perder é uma bobagem.

Como a expectativa de poder é o segundo alimento dos políticos e dos que os cercam, e o poder naturalmente é o primeiro, eleições e futuros candidatos estão sempre na agenda. No ano que vem teremos as eleições municipais, logo esse é um tema inevitável a partir de agora. Mas as eleições presidenciais serão em 2014, então por que tanta antecipação?

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Inúmeros cientistas políticos e sociólogos já demonstraram ser falsa a ideia de que as eleições municipais têm peso fundamental nas eleições presidenciais. O partido tal ganhou em São Paulo, então seu possível candidato saiu fortalecido. O partido outro perdeu no Rio, reduziram-se as chances de seu candidato. Não funciona assim.

De qualquer maneira, as eleições municipais são uma etapa a ser considerada antes de se definir cenários para 2014. Se os candidatos apoiados pela presidente Dilma tiverem bom desempenho, por exemplo, é sinal de que seu governo está bem avaliado, mas transferir isso para as eleições presidenciais é outra história.

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Há muito tempo daqui para o final de 2013, início de 2014, quando as candidaturas tendem a ficar mais bem definidas. Há inúmeras variáveis que serão consideradas por cada partido e seus possíveis candidatos: da aceitação do eleitorado, mostrada por pesquisas, ao estado de saúde, mostrado pelos exames médicos. Ninguém controla totalmente as circunstâncias que se imporão nos próximos dois ou três anos, então tudo é possível.

Como não parece plausível que Lula e Dilma já tenham feito um acordo entre eles para 2014, até mesmo o nome do candidato governista está em aberto. Em determinadas circunstâncias, o natural será Dilma se candidatar à reeleição. Mas podem se impor circunstâncias que levem Lula a disputar. Mas será mesmo que ambos já não combinaram isso? Ninguém vai saber, pelo menos por um bom tempo.

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Aécio Neves é considerado o mais provável candidato da oposição, ou, pelo menos, do PSDB. Mas ele disputará em qualquer circunstância ou só se as condições forem favoráveis? E se não disputar, como ficará a oposição? Quais são as alternativas dos tucanos, Serra e Alckmin de novo?

Há também o fator DEM. Em baixa total, os demistas podem buscar uma candidatura própria que difunda o partido e suas bandeiras, deixando os inevitáveis acordos para o segundo turno. Pode até ser mais vantajoso, politicamente, embora o partido perca a chance de tentar recuperar a vice-presidência.

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Como há o fator PMDB. Se tiver garantia de manter o vice, é uma história. Se isso estiver ameaçado, o partido, que na verdade é uma federação de interesses regionais e fisiológicos, pode ter um candidato próprio. Michel Temer seria o mais óbvio, Nelson Jobim é desejo de jornalistas amigos dele que ainda acham que foi um ótimo ministro. Mas nunca se sabe.

Eduardo Campos, do PSB, não pode ser descartado. É aliado fiel de Lula e de Dilma e dificilmente será candidato contra eles. Nesse caso, pode ser o vice, com a vantagem de ser do Nordeste e de um partido não identificado com a corrupção, como é o PMDB. Mas alguém, hoje, pode assegurar que, dependendo das tais circunstâncias, Campos não possa estar articulado com Aécio em 2014?

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Como se vê, são só especulações. No momento, não dá para ir além disso.

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