Na reunião ministerial macabra, Ernesto Araújo atacou China culpando país por “comunavírus”
Na reunião ministerial que levou à demissão de Sergio Moro, na qual Bolsonaro falou em falsificar a causa da morte de um funcionário da Polícia Rodoviária Federal, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, atacou a China, afirmando ser o país culpado pelo “comunavírus” - Bolsonaro gargalhou
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247 - A reunião apontada por Sergio Moro como uma das provas de interferência de Jair Bolsonaro na Polícia Federal não se restringiu a palavrões e pressões do presidente sobre o ex-ministro. Interlocutores de Bolsonaro têm mostrado que um dos temas mais sensíveis foram as falas do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, sobre a China. Araújo culpou o país asiático pela pandemia e apelidou a covid-19 de “comunavírus”, informa a colunista Bela Megale em O Globo.
Participantes do encontro de 22 de abril relataram que o chanceler declarou, em alto e bom som, que o novo coronavírus é uma “coisa da China”, com o propósito de dominar outras nações. Ao dar o apelido de “comunavírus” à covid-19, o ministro deu uma gargalhada que, segundo presentes, foi acompanhada por Bolsonaro, dando sinais de que concorda com o ministro.
Outro momento tenso do encontro, desta vez protagonizado por Bolsonaro e Sergio Moro, foi quando o \Bolfonaro reclamou de uma nota de pesar divulgada pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), instituição vinculada à pasta da Justiça, na época chefiada por Moro. No comunicado, a PRF lamentou a morte de um funcionário por covid-19. O presidente se queixou e disse, conforme relatos de quem estava no local, que a corporação deveria ter falsificado a causa da morte.Segundo Megale, Bolsonaro disse, aos gritos no encontro, que se não pudesse trocar o superintendente da PF no Rio, trocaria o diretor-geral da PF, Maurício Valeixo, e, se não pudesse substituí-lo, demitiria o então ministro da Justiça, Sergio Moro.
O Palácio do Planalto também tem mostrado bastante apreensão com as falas de Abraham Weintraub sobre STF no encontro citado por Moro. Integrantes do governo afirmam que, em outras agendas, o ministro da Educação já fez críticas ostensivas aos integrantes do Supremo, sendo que, em uma delas, Weintraub chegou a abrir a janela e a apontar para o outro lado da Praça dos Três Poderes, dizendo que no STF só tinha bandidos.
Antes de entregar a gravação citada por Moro, a AGU tinha tentado evitar seu repasse, alegando que o conteúdo seria de “segurança nacional”. Presentes na reunião relataram que não se recordam de temas de segurança abordados no encontro. O relator do caso, o ministro Celso de Mello, afirmou em decisão que, muito em breve, decidirá pelo levantamento do sigilo parcial ou total do material.
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