"Moro, você tem 27 superintendências e eu quero apenas uma: a do Rio de Janeiro", disse Bolsonaro
CNN divulgou há pouco trechos do depoimento de Sérgio Moro ao STF no inquérito em que acusa Bolsonaro de interferir na Polícia Federal. Segundo Moro, Bolsonaro sugeriu Ramagem para PF ainda em janeiro
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Rede Brasil Atual - No depoimento que prestou à Superintendência da Polícia Federal (PF) no último sábado (2), o ex-ministro da Justiça Sergio Moro reforçou a insistência do presidente Jair Bolsonaro em intervir na Polícia Federal do Rio de Janeiro.
Segundo declarou no depoimento, divulgado hoje (5) na íntegra pela CNN Brasil, Moro declarou que “recebeu mensagem pelo aplicativo Whatsapp do presidente da República, solicitando, novamente, a substituição do (então) Superintendente do Rio de Janeiro” (Carlos Henrique Oliveira, cuja troca foi anunciada ontem pelo novo diretor-geral da PF, Rolando Souza).
De acordo com a transcrição divulgada, a mensagem enviada por Bolsonaro tinha “mais ou menos o seguinte teor”: “Moro você tem 27 Superintendências, eu quero apenas uma, a do Rio de Janeiro”.
Leia na íntegra o depoimento de Sérgio Moro.
Segundo Moro disse no depoimento, seu objetivo, na coletiva na qual pediu demissão do cargo (em 24 de abril), “era esclarecer os motivos de sua saída, preservar autonomia da Polícia Federal, da substituição de diretor e de superintendentes, sem causa e com desvio de finalidade, como reconhecido posteriormente pelo próprio Supremo Tribunal Federal”.
O comando da PF no Rio é intensamente disputado por Bolsonaro. O primeiro ato do novo diretor-geral da Polícia Federal (PF), Rolando Souza, foi a troca do superintendente do estado, Carlos Henrique Oliveira.
Em agosto de 2019, Bolsonaro já interveio no órgão, ao anunciar que o então superintendente, Ricardo Saad, seria substituído por “questão de produtividade” no Rio. Carlos Henrique Oliveira, que entrou em seu lugar, está agora deixando o posto.
Quando saiu do ministério, Moro denunciou que Bolsonaro queria tirar do cargo o ex-diretor geral da PF, Maurício Valeixo, porque este resistia em mudar o comando no Rio.
No depoimento de sábado, Moro declarou que o assunto da substituição de Valeixo “retornou com força em janeiro de 2020”, quando Bolsonaro disse a ele “que gostaria de nomear Alexandre Ramagem ao cargo de diretor geral da PF”.
Ainda segundo Moro, a nomeação de Ramagem “afetaria a credibilidade da Polícia Federal e do próprio governo”, já que o candidato teria “ligações próximas com a família do presidente”. Bolsonaro insistiu na nomeação de Ramagem, que foi posteriormente suspensa pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF.
Para deputados da oposição, o fato de o primeiro ato do novo diretor da PF, trocar o comando no RJ, se explica porque o estado é a base do presidente da República e é onde ocorrem investigações de temas caros a Bolsonaro, como sobre o chamado caso da rachadinha, funcionários fantasmas nos gabinetes de seus filhos, o caso Queiroz e, sobretudo, a investigação do assassinato de Marielle Franco.
Na segunda-feira (4), o deputado federal Marcelo Freixo (Psol-RJ) anunciou que a bancada do partido protocolaria na Câmara um requerimento para convocar o novo diretor-geral da Polícia Federal (PF), Rolando Souza, para ele explicar a mudança do comando da instituição no Rio de Janeiro.
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