Militares abandonam Bolsonaro e se dizem traídos
Pegos de surpresa com a exoneração de Mauricio Valeixo e com as denúncias de crimes de Jair Bolsonaro feitas por Sérgio Moro, militares avaliam retirar o apoio ao capitão, convidando-o na prática à renúncia
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247 - A saída de Sérgio Moro do governo provocou uma crise que pode levar ao fim do governo de Jair Bolsonaro. A ala militar, que dá sustentação a Bolsonaro, se vê traída e avalia retirar o apoio ao presidente, hipótese que, se concretizada, pode levar a uma renúncia.
Segundo o jornalista Igor Gielow, da Folha de S. Paulo, os generais integrantes do governo se viram traídos por Bolsonaro com a publicação no Diário Oficial da exoneração do diretor da Polícia Federal, Maurício Valeixo, sem consulta aos fardados. Em seguida, a acusação explícita de interferência na Polícia Federal deixou os militares chocados.
"Como diz esse oficial-general, não se trata de achar que Bolsonaro não desejaria fazer isso, dado seu histórico de proteção aos interesses de sua família. Mesmo a mudança de Valeixo estava no preço. Mas o pedido explícito e, claro, a exposição pública da situação, foram vistos como injustificáveis", diz o jornalista.
"Na avaliação dos militares, o presidente isolou-se de vez com os fatos desta sexta. Nas conversas sobre tentativas de manter a governabilidade, os militares defenderam que o próximo ministro da Justiça fosse um jurista de reputação ilibada, sem conexões políticas. Inicialmente, Bolsonaro rejeita a hipótese", acrescenta.
De acordo com um político com trânsito livre entre os militares, citado pelo jornalista Igor Gielow, a situação é irreversível para Bolsonaro. "O presidente só tem hoje a família, os fardados palacianos e alguns poucos nomes no Congresso para se apoiar. Como os filhos atrapalham, mas não ajudam a governar, e o Congresso está majoritariamente contrário ao Planalto, resta a ala militar. Ameaçando sair, convida Bolsonaro a renunciar na prática", afirma.
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