Maranhão 2011
Mas Sarney e seu legado no Maranhão também merecem obra cinematográfica que os imortalize
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“Maranhão’66”, o curta-metragem de Glauber Rocha que retrata a posse do governador José Sarney , é sucesso no YouTube (hoje ostenta a marca dos 45.858 acessos ) e tema de controvérsias- teria Glauber criticado Sarney e o sistema por ele representado no documentário? Consta que por pouco o filme fora vetado, mas não se encontra tal dado quando se pesquisa sobre a obra. O “Tempo Glauber”, instituição referencial em se tratando do cineasta, exibe texto onde se atribui crítica de Glauber ás promessas usuais de políticos em campanha, mas também exibe depoimentos de Sarney, elogiando o filme de seu amigo (amizade que duraria, segundo depoimentos de Dona Lucia Rocha, mãe do diretor, até a morte do filho) e de Glauber, no qual não se percebe qualquer sombra de crítica a Sarney que afinal, era, quando da realização de “Maranhão’66”político da UDN, de oposição aos antecessores, do PSD.
Mas Sarney e seu legado no Maranhão também merecem obra cinematográfica que os imortalize. Não faltam cineastas no Brasil, de auto alegada”consciência social” para realizar não um curta, mas um longa-metragem, ao qual se pode intitular “Maranhão 2011”. Também seria em tons de documentário, ou como dizem os cinéfilos, ”cinema verité”.
O livro de Palmério Dória “Honoráveis bandidos” poderia ser utilizado como fonte bibliográfica do roteiro do filme, que a exemplo do anterior também seria composto de imagens em cortes rápidos, narrados por personagens do livro (entre eles o homenageado Sarney) pelo autor do livro e por políticos ligados ao personagem – tema da obra.
Panorâmica das favelas de São Luiz, palafitas sob o sol que cega e cozinha corpos subnutridos em casebres que abrigam números que fazem do Maranhão o segundo campeão em mortalidade infantil e o pior índice de desenvolvimento humano do Brasil, tendo como áudio leitura do trecho do livro de Palmério Dória (capítulo 5) por ele próprio, explicando o êxodo dos camponeses para São Luiz após a política de entrega das terras para grupos econômicos do Paraná e São Paulo.
Corte para as emissoras de tevê, uma de Sarney, que transmite a programação da Rede Globo, outra de Edson Lobão que transmite o SBT, com o áudio de comício onde o ainda candidato Lula,ainda não tendo se aliado aos Sarney ,explicava o porque da aprovação ao governo de Roseana Sarney: ”Porque a Globo é do pai dela, o SBT é do Lobão”.
Corte para a Ilha de Curupu, residência do filho mais ilustre do Maranhão, sobrevoada por helicóptero oficial do estado. Corte para o pedreiro com traumatismo craniano e clavícula quebrada que teve de esperar o referido helicóptero desembarcar as bagagens do senador na ilha para ser atendido,com áudio de Sarney: ”Não prejudicou ninguém, tenho direito a transporte e segurança em todo o país, não somente a serviço”
Corte para as escolas que ostentam o título de maior evasão escolar do Nordeste, e o segundo do País (Acre em primeiro lugar), com prédios imundos onde falta pessoal e material para limpeza (alunos fazendo as vezes de faxineiros mirins), sem carteiras, sem segurança (escolas assaltadas regularmente), com calendários que desafiam a vontade dos alunos e que mereceram representação dos professores junto ao Ministério Público, por descaso do governo com a educação. Áudio das crianças comentando assaltos que sofreram e suas epopéias pessoais para completar o ciclo primário em anos letivos que consomem mais de um ano.
Os créditos (”Honoráveis bandidos” de Palmerio Doria, site “Badaue” e jornais com as respectivas edições contendo dados oficiais do estado) subiriam enquanto a câmera sobrevoa ruas com lixo acumulado e hospitais que fazem a sequencia do hospital (onde um tuberculoso vomita sangue) do filme de Glauber parecer lírica.
Uma obra que justificaria incentivos do Ministério da Cultura, à espera de cineasta.
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