Lula está irritado com líderes do Governo na Câmara e reclama de paralisia

O presidente da República não esconde a insatisfação com a atuação de José Guimarães e Odair Cunha, excessivamente próximos de Arthur Lira. Ministros também reclamam

Montagem: presidente Lula e deputados Eduardo Guimarães e Odair Cunha
Montagem: presidente Lula e deputados Eduardo Guimarães e Odair Cunha (Foto: ABR | Pablo Valadares/Câmara dos Deputados)


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Por Luís Costa Pinto, da Sucursal do 247 em Brasília – Há um polo crescente de irritação dentro do Palácio do Planalto, na Esplanada dos Ministérios, nas instâncias do Partido dos Trabalhadores que prescindem de Brasília e até mesmo no humor do presidente Luiz Inácio Lula da Silva: a sabujice da bancada federal do PT, em particular, e dos governistas da Câmara dos Deputados, em geral, para com as artimanhas e as chantagens urdidas e levadas a cabo pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).

Ao menos dois ministros que despacham diariamente com o chefe, além de um interlocutor petista com quem o presidente da República conversa bissextamente, já escutaram imprecações contra o líder governista na Câmara, José Guimarães (PT-CE). Reclamações semelhantes foram ouvidas contra o vice-líder governista na Casa, Odair Cunha (PT-MG). Lula está revoltado com a falta de limites de Lira, um pedinte contumaz do Governo que nunca se abstém de pôr na mesa as armas legislativas das quais dispõe contra o Executivo. Ministros também falam mal de Guimarães pelas costas: dizem que ele se converteu numa espécie de “líder do presidente da Câmara no Palácio”, o que é o contrário da missão que recebeu. Odair Cunha, por sua vez, tem se portado como “garçom” dos pedidos de liberação de emendas junto a Lira, que segue detendo a chave do cofre do Orçamento da União quando se trata de liberação de emendas parlamentares e de bancadas.

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A paralisia de votações relevantes no Congresso e o fato de o Governo ter sido obrigado a converter medidas provisórias em projetos-de-lei (dispositivos legislativos com tramitação mais lenta e incerta, desprovidos da capacidade de produzir efeitos imediatos) foi o estopim para o presidente determinar uma intervenção dos ministros Alexandre Padilha, da Articulação Política, e Rui Costa, da Casa Civil, na operação legislativa da Liderança do Governo na Câmara. Este foi o motivo central pelo qual o líder José Guimarães deixou de participar da reunião ministerial da última segunda-feira. Guimarães registrou a insatisfação por não ter sido chamado. Lula fez ouvidos moucos ao líder, que se viu obrigado a despachar com os ministros.

VOO PARA PEQUIM PODE SELAR A PAZ

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Como é um atávico construtor de entendimentos, o presidente da República viu na nova agenda da viagem à China, confirmada para ocorrer na próxima semana, uma oportunidade para ser o artífice do entendimento entre os presidentes da Câmara e do Senado. Agastado com Rodrigo Pacheco (PSD-MG), Arthur Lira cancelou sua ida a Pequim na comitiva anterior. A viagem foi desmarcada em razão da pneumonia que acometeu Lula, já debelada. Depois da reunião ministerial da última segunda-feira, Lula voltou a telefonar pessoalmente para os presidentes das duas Casas Legislativas e os convidou para o novo voo a Pequim. O presidente do Senado confirmou a viagem no ato. O da Câmara responderá em definitivo até a próxima quinta-feira. O mais provável é que aceite o convite. O chefe do Executivo confia no seu taco de articulador para fazer com que os presidentes do Parlamento selem a paz e façam, enfim, a pauta de votações andar.

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