Luis Miguel: não há democracia se a questão militar não for enfrentada

"É possível e necessário discutir os erros e vacilos de Evo. Mas, para além deles, o golpe na Bolívia faz refletir sobre duas questões", escreve o analista político Luis Felipe Miguel. "Uma questão é que não teremos possibilidade de democracia e progresso social na América Latina enquanto a questão militar não for enfrentada"



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Por Luis Felipe Miguel, em seu Facebook

Não estudo os processos políticos da América hispânica, por isso prefiro ser cauteloso ao tecer comentários.

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Mas está claro que na Bolívia aconteceu um golpe militar (a Folha de S. Paulo, tão afeita a eufemismos, diz que as forças armadas "sugeriram" que Evo Morales renunciasse).

A América Latina não tinha ingressado na era dos golpes de novo tipo, que mantêm a fachada do respeito à lei e nos quais os militares ficam à sombra? Pois parece que, quando necessário, um golpe à moda antiga permanece como opção.

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É possível e necessário discutir os erros e vacilos de Evo. Mas, para além deles, o golpe na Bolívia faz refletir sobre duas questões.

Uma questão é que não teremos possibilidade de democracia e progresso social na América Latina enquanto a questão militar não for enfrentada.

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A outra questão, mais geral, é sobre o que parece ser uma fragilidade intrínseca a processos de transformação social que não nascem de uma ruptura revolucionária. E isso mesmo no caso da Bolívia, em que houve um esforço sério de construção de novas instituições estatais.

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