Luis Felipe Miguel defende movimento de Haddad e Lula e diz que candidatura de Boulos já está posta também

Luis Felipe Miguel, professor de Ciência Política na UnB, escreve sobre a candidatura Haddad e lembra que o PT é "o único partido brasileiro que colocou seus candidatos entre os dois primeiros em todas as eleições presidenciais desde a redemocratização". Ele anota também que "gente que lançou Boulos à presidência no dia seguinte à derrota dele nas eleições paulistanas agora se escandaliza com a 'precipitação' de Haddad"

Cientista político Luis Felipe Miguel, ex-presidente Lula e Fernando Haddad
Cientista político Luis Felipe Miguel, ex-presidente Lula e Fernando Haddad (Foto: Divulgação | Ricardo Stuckert/Agencia PT)


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Por Luis Felipe Miguel, em seu Facebook - É óbvio que Haddad é candidato potencial à presidência em 2022. Assim como Boulos é. E Flávio Dino. E Ciro Gomes.

Alguns optam por assumir a candidatura desde logo, outros preferem não. Tem a ver com as circunstâncias de cada um. 

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Mas todo mundo que acompanha a política brasileira, mesmo de longe, sabe que são esses os nomes. E todos eles agem de maneira a viabilizar essa pretensão. Isso é normal, é da política.

Podemos sonhar com uma política em que a ambição pessoal esteja banida. 

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Mas não deixará de ser sonho. 

O importante é que essa ambição não turve os compromissos de fundo, não opere contra um projeto que deve ser maior, muito maior que ela. 

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Dos quatro nomes que citei no começo, só um, até onde posso ver, não cumpre esse requisito.

Não é a existência ou inexistência de nomes na rua que atrapalha a construção de uma unidade da esquerda. 

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Atacar Haddad por causa de uma frase numa entrevista me parece, francamente, uma besteira. 

Ou, em alguns casos, uma hipocrisia: gente que lançou Boulos à presidência no dia seguinte à derrota dele nas eleições paulistanas agora se escandaliza com a "precipitação" de Haddad.

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De resto, é equivocado - e ilusório - atrelar a unidade da esquerda a uma coligação nas eleições presidenciais. 

Por motivos diferentes, mas igualmente legítimos, tanto PT quanto PSOL dificilmente deixarão de ter candidatos próprios. Além de Ciro, é claro.

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O PT é o maior partido da esquerda, o único partido brasileiro que colocou seus candidatos entre os dois primeiros em todas as eleições presidenciais desde a redemocratização, conta com a força de Lula e o próprio Haddad teve 47 milhões de votos em 2018. 

É natural que um partido desse porte tenha candidato próprio.

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O PSOL luta por estabelecer um espaço político à esquerda do PT. Trilha o estreito caminho que lhe permite manter essa identidade na conjuntura de brutal retrocesso no Brasil, que tende a amassar toda a esquerda derrotada num mesmo amálgama. 

A candidatura presidencial é importante por isso.

E, mais diretamente, sem candidato próprio que puxe a identificação do eleitorado, o PSOL corre o sério risco de não superar a cláusula de barreira, o que dificulta enormemente sua sobrevivência como partido. Em 2018 ele passou raspando - e para 2022 o sarrafo será elevado.

O que é preciso é unidade na luta, nas ruas. E que os candidatos, que certamente serão diversos, sejam capazes de entender que estão no mesmo campo, a despeito das diferenças, evitando agressões desnecessárias e garantindo empenho total no segundo turno. 

O auê artificialmente criado em torno do não-fato político que foi a "revelação" de que Haddad é potencial candidato não ajuda nada nessa direção.

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