Kassab: o fraco mais forte da política nacional
O prefeito de So Paulo vive um paradoxo. Sua aprovao diminui na capital paulista, mas ele, frente do PSD, terceiro maior partido do Pas,se torna pea chave das articulaes polticas em Braslia e em vrios governos estaduais
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Leonardo Attuch_247 - Gilberto Kassab está fraco. Essa é a leitura imediata da pesquisa Datafolha, que aponta um índice de 24% de "ótimo e bom" nas avaliações do prefeito da maior cidade do País. É o índice mais baixo desde que ele assumiu o comando da prefeitura de São Paulo, em 2006. Mas será que esses números são mesmo tão importantes?
Ontem mesmo, no dia em que a pesquisa foi divulgada, Kassab participou de um seminário organizado pela candidata do PT à sucessão municipal, Marta Suplicy, a convite dela. O que indica que Marta, apesar de seus 31% no Datafolha, não parte para o confronto direto com o prefeito. Sabe que o apoio dele, num eventual segundo turno, não deve ser menosprezado.
Sim, Kassab, embora tenha chegado à prefeitura pelas mãos de José Serra, hoje se aproxima cada vez mais do bloco governista. E é justamente isso que faz dele uma das peças centrais da política brasileira. Seu recém-criado PSD, que ainda depende do aval do Tribunal Superior Eleitoral, deve nascer com quase 50 deputados e a terceira maior bancada do Congresso Nacional, atrás apenas de PT e PMDB. É o "partido-ônibus", que abriga todos aqueles dispostos a aderir ao bloco governista -- que não são poucos. E, num momento em que a presidente Dilma enfrenta dificuldades com todos os partidos aliados, como PMDB, PP e PR, a força de Kassab se torna ainda maior. Não por acaso, no seu último congresso, realizado no fim de semana, em Brasília, o PT recomendou alianças regionais com o PSD.
Força regional
Kassab hoje sonha com um ministério de peso para o seu PSD, que poderia ser, por exemplo, o das Cidades, atualmente comandado pelo PP. Isso pode ser decisivo, inclusive, na construção de apoios à sucessão municipal em várias capitais. Em São Paulo, o atual prefeito torce para que José Serra, a quem seria obrigado a apoiar, não saia candidato. E conta, a seu favor, com os números decepcionantes de Serra na pesquisa Datafolha: 18% apenas e uma rejeição superior à de Marta. Com Serra fora do páreo, Kassab poderia apoiar um candidato de menor expressão, como o atual secretário Eduardo Jorge, do Meio Ambiente, e negociar melhor seu apoio no segundo turno. Regionalmente, os adversários dele são o governador tucano Geraldo Alckmin -- Kassab quer ser candidato ao Palácio dos Bandeirantes em 2014 -- e o candidato do PMDB, Gabriel Chalita.
E não se deve desprezar o fato de que a Prefeitura de São Paulo tem R$ 7 bilhões em caixa, o que pode ajudar a reverter o quadro de desaprovação num ano eleitoral.
Em outros estados, o quadro do PSD é também animador. No Rio de Janeiro, por exemplo, o partido, comandado por Índio da Costa, terá a segunda maior bancada da Assembleia Legislativa. Na Bahia, onde tem o vice-governador Otto Alencar, será a segunda força política. No Distrito Federal, conta com o ingresso da deputada distrital Eliana Pedrosa, que pode ser candidata ao Palácio do Buriti em 2014. E já administra os governos de dois estados importantes: Amazonas e Santa Catarina.
Kassab perdeu pontos no Datafolha porque, aos olhos da população, dedicou-se menos à administração de São Paulo e mais à construção de seu partido nos últimos meses. Mas o PSD hoje faz dele o fraco mais forte da política brasileira.
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