Kassab em seu labirinto
Como presidente do PSD eleito no sbado, ele deu lies ao PSDB; na qualidade de prefeito, cercado por cidados indignados com sua gesto; ele pode cumprir os dois papis?
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Marco Damiani_247 – Numa avaliação benevolente, Gilberto Kassab pode ser visto como um dos políticos mais poderosos do Brasil. Além de prefeito da maior cidade do País, dono do terceiro orçamento da Federação, ele acaba de sagrar-se presidente nacional do PSD – a legenda que criou e, apesar dos problemas de captação de assinaturas e de registros regionais em diferentes Estados, vai tentando criar um fato político consumado para existir. Neste sentido, Kassab está poderoso, pronto para ser o maior eleitor de sua própria sucessão, no próximo ano. Foi desse pedestal que ele, em seu primeiro pronunciamento como chefe de partido, virou suas baterias, de maneira surpreendente, para o PSDB com o qual, imagina-se, ele poderá fazer uma aliança estratégica.
“Eu não vejo o PSDB preparando uma candidatura com conhecimento da cidade e conhecimento de gestão”, afirmou o político, para quem a polarização será entre o candidato que ele tirar da cartola pelo PSD e o escolhido pelo PT. “O PT vem de duas administrações, tem uma base eleitoral que elegeu a presidente Dilma e tem o Lula como cabo eleitoral”, enumerou Kassab. “Acredito que o PT é um adversário forte, mas vamos mostrar que a nossa administração foi melhor do que a deles".
O político foi claro, porém, no sentido de afirmar que, se José Serra, o homem que o alçou para o primeiro plano da cena política, ao fazê-lo vice-prefeito com a certeza de que iria assumir a Prefeitura, vier a ser o candidato tucano, terá todo o seu apoio. Assim como, concedeu, o senador Aloysio Nunes Ferreira. “Se fossem (candidatos), teriam o nosso apoio”. Neste sentido, a cutucada que ele pareceu dar no PSDB soou, na verdade, mais como um chamado para tirar Serra das sombras e assumir o quanto antes uma candidatura.
Sua candidatura do coração é a do vice-governador Guilherme Afif Domingos, que migrou para o PSD e, na passagem, foi catapultado, pelo governador Geraldo Alckmin, do cargo de secretário estadual do Desenvolvimento Econômico. Uma alternativa é o secretário do Verde e Meio Ambiente, Eduardo Jorge.
Pode-se ver Kassab, também, como um político que, por mais que tente, permanece fraco nacionalmente e com diversos problemas a encarar em seu dia a dia de prefeito. Os registros do PSD estão sendo questionados em diferentes Estados por assinaturas supostamente falsas ou irregulares. Igualmente há dúvidas sobre atas de registros, que também teriam sido fraudadas. Ele pode ser presidente, à medida em que os casos forem sendo elucidados, como o presidente de um partido fantasma, que não irá conseguir seu registro permanente.
Na qualidade de prefeito, não é preciso haver uma pesquisa recente para se saber que, diante do acúmulo de problemas na cidade, Kassab igualmente tem muitas dificuldades. Na manhã desta segunda-feira 15, por exemplo, o prefeito foi cercado por comerciantes que integram a chamada Feirinha da Madrugada, no centro da cidade, cujo fechamento ele ordenou. A determinação aconteceu depois da apreensão de várias mercadorias importadas ilegalmente e de produtos piratas. Assim como esse protesto, independentemente de ser justo ou não, o certo é que Kassab tem e continuará tendo um dia a dia de muitos percalços. À medida em que os dias passam, e a data da eleição fica mais próxima, ele terá de ser cada vez mais hábil para mostrar que sua força é verdadeira, e não apenas nos bastidores da política. Vai conseguir?
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