Jobim: "Não sou mais nada, pergunte a Dilma"

Palavra do ex-ministro da Defesa Nelson Jobim, em Braslia; Esgotamos uma etapa, viramos uma pgina, disse Dilma em Petrolina; pela manh, em Braslia, ela convocou ao Planalto os comandantes Moura Neto (Marinha), Juniti Saito (Aeronutica) e Enzo Peri (Exrcito) para comunicar nomeao de Celso Amorim para a Defesa



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247 – A presidenta Dilma Rousseff disse hoje que a demissão do ministro da Defesa, Nelson Jobim, vira uma página no governo, mas elogiou o desempenho do ex-auxiliar. “Reconheço o grande trabalho, a grande contribuição [de Jobim]. Esgotamos uma etapa e, por isso, viramos uma página”, disse em entrevista a emissoras de rádio em Petrolina (PE), onde participa de uma cerimônia de entrega de casas do Programa Minha Casa, Minha Vida.

Dilma disse que o embaixador Celso Amorim, escolhido para ser o novo ministro da Defesa, “tem todas as condições” para exercer o cargo e já demonstrou dedicação ao país nos anos em que foi ministro de Relações Exteriores no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva saiu em defesa de sua pupila e declarou no início da tarde desta sexta-feira, da Colômbia, que "não cabe aos militares gostar ou não gostar de uma indicação da presidente da República", referindo-se à troca de Nelson Jobim por Celso Amorim no Ministério da Defesa. "Eu não sei o que aconteceu com o ministro Jobim, mas eu penso que quando se analisa a competência intelectual e o trabalho, não tem pessoa igual ao Amorim no Brasil", completou o ex-presidente depois de ministrar palestra no evento Nutrição Infantil para Prosperidade de Todos, em Bogotá.

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Depois de escolher o ex-chanceler Celso Amorim para assumir a Defesa, a presidente Dilma Rousseff se apressou em convocar os três comandantes das Forças Armadas para uma reunião na manhã desta sexta-feira. A escolha de Amorim, um ex-ministro com forte histórico ideológico à frente do Itamaraty, não caiu bem entre os militares, e, para se precaver de crises decorrentes da opção, a presidente garantiu que o novo ministro não vai fazer mudanças nos Comandos Militares. O almirante Moura Neto, comandante da Marinha, o brigadeiro Juniti Saito, chefe da Aeronáutica, e o general Enzo Peri, comandante do Exército, deixaram o Palácio do Planalto dizendo protocolarmente que servem ao Estado e não a pessoas, mas colocar um diplomata à frente do Ministério da Defesa tem suas implicações – que, no caso de Amorim, vão além da mudança no relacionamento com as Forças Armadas.

Nos meios militares, a escolha foi considerada uma afronta e despertou fortes críticas. “Isso não foi solução, não vai funcionar, uma escolha absurda”, disse ao Brasil 247 um empresário com vários laços de amizade entre comandantes das três armas. “Baixo nível”, completou. Uma avaliação bastante disseminada neste momento aponta o Ministério da Defesa com Amorim como um novo foco potencial de crise política. Além de tudo, o retorno do chanceler do governo Lula marca uma reaproximação entre o criador e a criatura, algo que pode causar algum constrangimento para Dilma, que vinha ganhando pontos com o eleitorado que não votou no PT ao se afastar do ex-presidente, principalmente na questão dos direitos humanos.

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Foi por meio de alterações no tratamento dessa questão na política internacional, aliás, que Dilma começou a marcar sua posição, ao condenar violações de direitos humanos em países como o Irã, que sempre teve o apoio de Celso Amorim, contra tudo e todos. Com esse comportamento, a presidente vinha sustentando popularidade acima de 70%, de acordo com pesquisa Vox Populi divulgada na última quinta-feira. Nessa reaproximação com Amorim, não é irrelevante lembrar que o ex-chanceler queria permanecer à frente do Itamaraty no governo Dilma e, durante o governo de transição, chegou a pedir à presidente para ficar. Não foi atendido. Por que Amorim não servia no Itamaraty e cabe na Defesa?

Na cabeça de Dilma, segundo assessores, porque ele pode imprimir um perfil mais estratégico e de menos força bruta à Pasta. É um trabalho que as forças militares já veem exercendo, principalmente nas obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) que o Exército ajuda a tocar em todo o país. O que muda com Amorim? Ou melhor, é possível não mudar com a troca de Nelson Jobim por Celso Amorim?

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Em sua primeira declaração como ministro, Amorim falou genericamente sobre o trabalho que irá desempenhar. “Primeiramente, gostaria de agradecer a confiança da presidente Dilma Rousseff. Tenho apreço pelo trabalho dos meus antecessores e pretendo continuar correspondendo aos interesses da nação”, disse o novo ministro, durante palestra sobre relações internacionais na Universidade Estadual da Paraíba, ministrada na manhã desta sexta-feira. É aguardar o início dos trabalhos para saber no que vai dar.

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