Ideli se salva?

Depois da faxina no PR e no PMDB, chegoua vez do PT. E com a ministra Ideli Salvatti, que operava no Dnit



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247 – Mais cedo ou mais tarde, aconteceria. Pau que bate em Chico, também bate em Francisco. E a vingança, como se ensina em Minas Gerais, é um prato que se come frio. Na primeira etapa da “faxina” ministerial, o governo Dilma tratou o PR, um dos partidos da base aliada, como o chamado “cocô do cavalo do bandido”. Um partido que deveria ser extirpado da máquina pública e da convivência política com a presidente Dilma. Só no Dnit, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes, foram mais de 20 demissões – incluindo a do chefão Luiz Antônio Pagot. Isso, sem falar na do ministro Alfredo Nascimento.

Todos esses quadros nada republicanos do Partido da República batem continência ao nobre deputado Valdemar Costa Neto – personagem central do Mensalão, que andou espalhando por aí que se vingaria do governo Dilma. Pior ainda: um dos amigos do secretário-geral do PR, o empresário Marcos Valério de Souza, mandou recados para que "cuidassem bem do Valdemar" (leia mais). Diante de tamanha pressão, Ideli Salvatti procurou ontem o líder do PR, Lincoln Portela, e fez um apelo para que o PR voltasse à base de sustentação do governo. Lincoln Portela foi até jocoso. Disse que precisaria de um tempo para pensar e que teria antes de consultar as bases – leia-se Valdemar Costa Neto.

Pois bem: hoje, com a revista Istoé nas bancas, sabe-se que Ideli talvez tivesse outro motivo para se dobrar ao PR e suplicar pelo apoio do partido. A revista traz uma suculenta denúncia contra a ministra da Articulação Política, cargo que lhe dá a atribuição de negociar com os partidos da base aliada. Flagrada num grampo obtido com autorização judicial, numa conversa com um deputado do PR, o que Ideli fazia? Negociava cargos no Dnit. Isso mesmo, no mesmo órgão de onde foram defenestrados vários quadros do PR. Terá sido essa a vingança prometida por Valdemar Costa Neto.

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O teor dos grampos

Ideli conversava com um deputado mais do que enrolado: Nelson Goetten, presidente do PR de Santa Catarina, o mesmo estado da ministra. Nos diálogos, ela defendia a permanência do engenheiro João José dos Santos, do PT, à frente da superintendência catarinense do Dnit. Detalhe: Goetten, que foi arrecadador da campanha de Ideli ao governo de Santa Catarina, em 2010, agora está preso, sob a acusação de pedofilia. João José dos Santos, por sua vez, era investigado por suposto superfaturamento nas obras rodoviárias de Santa Catarina.

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Eis o teor de um dos diálogos:

Goetten – O nosso amigo lá no Palácio está fazendo um bom movimento para tentar nos dar o troco e derrubar o João José.

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Ideli – Eu estou apavorada com essa movimentação. Apavorada! A situação do João José vai ficando muito delicada.

Goetten – Eu preciso muito de ti.

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Ideli – Vou fazer todo o esforço para defender ele.

Numa outra conversa, Ideli afirma que seu protegido deveria iniciar obras, mesmo sem ter tomado as providências legais para tanto – ou seja, sugere uma ação fora da lei. Em outro, cita o que fez na Eletrosul, que é comandada por seu ex-marido Eurides Mescolotto. “Vou agir como agi na questão da Eletrosul. Não preciso responder pela imprensa, não preciso fazer nada. É trabalhar nos ouvidos de quem precisa saber das coisas.”

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Ideli tem bons motivos para estar apavorada. E quem precisa saber das coisas – no caso a presidente Dilma – também tem uma pergunta a responder: e então, a faxina continua?

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