Heleno perde espaço no núcleo militar depois de tentar intimidar o Congresso
Há uma guerra em curso entre os militares que hoje predominam no governo Bolsonaro. Com seu "foda-se", Augusto Heleno entrou em choque com o general Luiz Eduardo Ramos, da Secretaria de Governo, e com a ala moderada das Forças Armadas
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247 - Com seu "foda-se" dirigido ao Congresso Nacional e sua acusação dirigida aos parlamentars, há dez dias, o general Augusto Heleno, chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), colocou o país à beira de uma crise institucional de largas proporções. E abriu uma crise entre seus colegas militares que hoje predominam no governo Bolsonaro, escreve a jornalista Thais Arbex, de O Globo.
A declaração de Heleno incomodou a maior parte dos militares do governo e, segundo relatos, foi reprovada por parte da cúpula do Exército.
Integrantes do governo que acompanharam o mal-estar na caserna dizem que Heleno teria sido alertado de que sua função no GSI não está atrelada à articulação política e que ele deveria se ater ao papel institucional do cargo. A avaliação é que, ao incorporar o discurso de que o Congresso é um entrave ao avanço do governo, o ministro acaba expondo os militares e impondo às Forças um desgaste desnecessário.
A análise foi acolhida também no Planalto. Parte dos auxiliares mais próximos a Bolsonaro entendeu que o “foda-se” de Heleno acabou respingando no também general Luiz Eduardo Ramos, da Secretaria de Governo, cuja função é intermediar a relação dos parlamentares com o Executivo e tinha sido o negociador do acordo detonado pelo colega.
Aliados de Ramos afirmam que a explicação de Heleno para a declaração acabou azedando ainda mais o clima. A expectativa era a de que o chefe do GSI fizesse um gesto ao Congresso e pedisse desculpas. Mas, ao sugerir que, no fundo, deputados e senadores estavam atuando para implementar o parlamentarismo no Brasil, o general dobrou a aposta.
Observadores do Planalto dizem que o rompante de Heleno acontece justo no momento em que começou a ganhar força a percepção de que ele vinha perdendo espaço no papel de conselheiro de Bolsonaro. A nova dinâmica em torno do presidente, segundo esse cenário, teria como peças fundamentais Ramos e os ministros Jorge Oliveira, da Secretaria-Geral da Presidência, e Fernando Azevedo e Silva, da Defesa — tidos como mais moderados.
Essa avaliação, porém, contrasta com o fato de a narrativa do ministro contra a possibilidade de os parlamentares terem mais controle sobre o Orçamento ter sido incorporada por Bolsonaro, seu clã e seus apoiadores, especialmente nas redes sociais, conclui Arbex.
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