Fux latiu, mas não mordeu, diz ex-ministro da Justiça Eugênio Aragão

“Ameaçar o Judiciário já constitui crime de responsabilidade. Fux, pelo jeito, acha que ainda não houve esse crime. Está só latindo. Morder que é bom, nada”, avaliou o ex-ministro da Justiça do governo Dilma em entrevista ao 247

Eugênio Aragão
Eugênio Aragão (Foto: Lula Marques/Agência PT)


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Por Paulo Henrique Arantes, para o 247 - Nem Luiz Fux, nem Arthur Lira. Os presidentes do Supremo Tribunal Federal e da Câmara dos Deputados não demonstraram a ousadia esperada ao responderem aos ataques feitos nesta terça-feira (7) às instituições pelo presidente da República. O primeiro alertou que descumprir decisão judicial será crime – ou seja, quanto à ameaça feita, tudo bem se Bolsonaro limitar-se a ela. O segundo, nenhuma surpresa, concitou à concórdia geral, como se a discórdia não fosse semeada por uma só pessoa.

“Ameaçar o Judiciário já constitui crime de responsabilidade. Fux, pelo jeito, acha que ainda não houve esse crime. Está só latindo. Morder que é bom, nada”, avaliou o ex-ministro da Justiça (governo Dilma Rousseff) Eugênio Aragão, em conversa com o Brasil 247. “Afora que o presidente também cometeu crime de responsabilidade por faltar com o decoro do cargo, ao chamar um ministro do STF de canalha”, acrescentou.

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Sobre a manifestação de Lira, Aragão disse considerá-la “chocha, colocando STF e Bolsonaro como dois contraentes com a mesma culpa pelo clima político”.

Eugênio Aragão foi o último ministro da Justiça do governo Dilma Rousseff, tendo substituído José Eduardo Martins Cardozo quando este foi transferido para a Advocacia-Geral da União. Integrou o Ministério Público Federal por 30 anos (1987-2017).

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Aragão disse também por que razão uma pessoa como Dilma Rousseff sofreu um processo de impeachment quase sumário, enquanto Jair Bolsonaro colhe apenas manifestos insossos das instituições a cada crime que comete: “Dilma não dividiu o jabá com o Centrão. Aliás, botou para correr quem mostrava sinais de gestão ímproba. Ela não foi destituída porque cometeu crime de responsabilidade, mas porque era um estorvo à preservação de interesses de atores políticos e do mercado”.

O ex-ministro também comentou a atuação do procurador-geral da República, Augusto Aras, apadrinhado de Bolsonaro em quem a pecha de “engavetador” já grudou na testa. Não se pode esquecer que o relatório final da CPI da Covid, que deve apontar responsabilidades do presidente da República relacionadas à tragédia da pandemia no país, dependerá do procurador-geral para surtir efeitos práticos. “O PGR está mudando. Já tomou iniciativas contra dois bolsonaristas ensandecidos. Resta saber se isso é uma nova orientação ou se foi só um soluço. De qualquer sorte, há uma guerra interna no MPF e ele está enfraquecido”, avalia Aragão.

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