Fragilizadas, oposições se unem na Bahia

Os oposicionistas estão numa situação que bem se encaixa nos versos de Raul Seixas: 'Este caminho que eu mesmo escolhi, é tão fácil seguir, por não ter onde ir'



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A oposição a Jaques Wagner vislumbra a expectativa, cada vez mais palpável, de marchar unida para as urnas de 2012, em Salvador e onde puder. Com isso, espera fazer uma campanha polarizada com o top de linha governista, o deputado Nelson Pelegrino. Algo como um plebiscito, o contra e o favor, o sim e o não. Em nome disso, já consagraram o princípio da unidade e também já botaram nomes na praça.

Adiante, o time capitaneado pelo PMDB de Geddel, o DEM de ACM Neto e o PSDB de Antonio Imbassahy vão sentar (tentam agregar outros, como o PPS), na hora que julgarem mais conveniente, sempre em algum momento após o carnaval, para pinçar um nome entre Mário Kertész, Neto ou Imbassahy.

Os oposicionistas acham que em 2010 cometeram um equívoco capital. Dizem eles que Paulo Souto e Geddel deveriam estar no mesmo palanque, erro que não querem repetir. Na época, o quadro tinha um ingrediente de peso, a disputa nacional.

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O tucano José Serra precisava de um palanque na Bahia e não queria Paulo Souto. Achava melhor todo mundo fechar com Geddel, que apoiava Dilma, mas seria atraído para o ninho oposicionista seduzido pelo forte aceno, julgava ele, do apoio amplo. Nem se tentou. A proposta foi descartada mais pelas restrições a Geddel. Agora, dizem eles, se houver divisão, que seja na banda governista.

Lula na disputa

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No frigir dos ovos, nada de novo no front. Os oposicionistas estão numa situação que bem se encaixa naqueles versos de Maluco Beleza, de Raul Seixas: "Este caminho que eu mesmo escolhi, é tão fácil seguir, por não ter onde ir". A união não é a melhor estratégia. É a única. E nem também, em essência, o embate na forma que está se configurando significa mudanças estruturais.

São grupos de práticas idênticas que se aliam brigando por um alvo comum, o poder, e um inimigo idem, o PT. Mas a disposição da união mostra que a lição de 2010 serviu. Jaques Wagner surfa na onda Lula, que ainda não se exauriu. O ponto para a construção de uma alternativa é esperar a era petista fazer água. E até lá, unir é fundamental.

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Os governistas também tiraram lições de 2008. Na época, o PT ficou brigando entre si, na disputa Pelegrino x Pinheiro, e quando finalmente se decidiu por Pinheiro, estava só, com os de sempre, o PSB de Lídice e o PV, até então, aliado histórico. Enfim, o mundo político já estava resolvido, em torno de João Henrique ou ACM Neto. E Pinheiro só.

Agora, Pelegrino se impôs e todo mundo disse amém. Não podia ser diferente. Lídice está no Senado e Pinheiro também, e arranjar outro nome seria reeditar os problemas de 2008 piorados. Todos os partidos botam candidaturas para se cacifar na hora de sentar à mesa e resolver quem vai ganhar o que. O resto é administrar.

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Esta semana, discorrendo sobre as suas estratégias para 2012, Lula falou de cinco capitais como prioridades absolutas (São Paulo, Rio, Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife e Salvador). O foco dele é aliança com o PMDB, visando principalmente Rio e São Paulo, mas em Salvador, onde ele já deletou Geddel desde o ano passado, prometeu participar da campanha de Pelegrino com o argumento: 'É bom para Wagner e para 2014'.

Disse com todas as letras o óbvio: o PT está no poder, tudo fará para mantê-lo, e 2012 tem importância estratégica. Um trunfo para Pelegrino, cada vez mais consolidado como principal opção governista, que agora desponta como ' o cara' para tentar fazer o PT conseguir na Bahia o sonho que falta, governar a capital.

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A 'coalizão' de Wagner

Assim que assumiu o poder, Jaques Wagner deu claros sinais de que estava disposto a trazer para a Bahia os modelos administrativo e político que aprendeu com Lula, por achar que o jeito petista de governar lá era a fórmula para o bom sucesso cá.

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No administrativo, por exemplo, tirou uma fatia das atribuições da Secretaria do Planejamento e criou a Casa Civil nos moldes da Presidência da República. Também instituiu a Secretaria das Relações Institucionais, para administrar especificamente a distribuição de cargos e favores aos políticos da base aliada.

No político, num primeiro momento, apesar das restrições de segmentos do PT, venceu as resistências que haviam contra Geddel e arquitetou 'a grande coalizão', como no plano federal, um bolo que reúne esquerdistas, direitistas, fisiologistas, picaretas e oportunistas. Após o rompimento de Geddel, a coalizão foi ampliada com a entrada de Otto Alencar e a dupla João Leão e Mário Negromonte, do PP, time que em 2006 estava com Paulo Souto.

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Wagner, a bem da verdade, queria mais. Fez tudo para incluir no pacote o então senador César Borges, que por temer não ser bem recebido no ninho com as explícitas reações de segmentos petistas liderados pelo deputado Zezéu Ribeiro (hoje secretário), recuou, perdendo a chance de cumprir o seu objetivo maior, o de se reeleger (Pinheiro, que não fazia restrições e entrou no vácuo, agradeceu).

O desafio da oposição

Como dissemos adiante, essa de juntar alhos e bugalhos políticos em nome da governabilidade, ou 'do projeto', como preferem os petistas, de tão velha na República é caduca, com uma diferença: o PT, que antes pousava de dama da pureza, faz a mesmice política acrescida de alguns ingredientes que só dificultam os caminhos da oposição.

Até chegarem ao poder, os partidos de esquerda se nutriam nos sindicatos e movimentos sociais. Os da direita, juntando fisiológicos, picaretas e afins, que se nutriam de todas as benesses que ele oferece (incluso caixa 2, que fazia e faz a felicidade perene de alguns).

O PT manteve os aliados de sempre e agregou os que não conseguem viver longe do poder, sem discussões éticas e nem relambórios ideológicos. E a oposição, vive de quê, se perdeu o poder, as benesses e não tem sindicatos e nem movimentos sociais? Na Bahia, a orfandade é plena.

Na última campanha presidencial, Serra na Bahia estava tão órfão, que nem retrato em parede tinha. Se valeu, no segundo turno, do único ingrediente novo no processo das disputas, a internet. Nem dinheiro, nem cabos eleitorais e, muito menos, 'voluntários'.

A única esperança, dos oposicionistas baianos, é ver a bolha petista, de tão gorda que é, pocar. Até agora, nada indica isso.

Mas para quem enfrenta tão pesado desafio de mãos vazias, um gigante contra uma formiga, unir é fundamental para ver se com uma derrapada governamental consegue uma vitória pontual. Aqui e alhures por motivos distintos eventualmente acontece.

Unir já é um começo.

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