FHC admite, pela primeira vez, flexibilização do teto de gastos

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que foi um dos avalistas do golpe de 2016 e da agenda neoliberal implementada a partir de 2016, fala em mexer no teto após um ajuste fiscal e a desindexação de despesas orçamentárias

Fernando Henrique Cardoso
Fernando Henrique Cardoso (Foto: NACHO DOCE - REUTERS)


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247 – O fracasso da política neoliberal implementada no Brasil após o golpe de 2016 hoje leva até um de seus principais avalistas, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, a defender a flexibilização do teto de gastos. É o que ele faz em artigo publicado neste domingo, mas com a ressalva de que antes seria necessário um forte ajuste fiscal.

"Compreendo as aflições do governo: quer logo um plano para aliviar o sofrimento popular e não quer cortar gastos. É difícil mesmo. Mas assim não dá: ou bem se ajusta o orçamento aos tempos bicudos que vivemos ou, pior, voltarão a inflação e o endividamento, e, quem sabe, as taxas de juros de longo prazo continuarão a subir... Melhor nem falar", diz ele, em artigo publicado neste domingo.

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"Que teremos nuvens carregadas pela frente, isso parece certo. Mas é melhor que chova logo, antes que as trovoadas se transformem em tempestades. O presidente parece querer, ao mesmo tempo, coisas que não são compatíveis. A única saída razoável para esse dilema é apostar numa reforma administrativa que valha para os atuais servidores, acompanhada de algumas medidas de desindexação de despesas. Juntamente com a reforma, o governo poderia mexer na regra do teto, para, ao mesmo tempo, abrir espaço orçamentário para o gasto e não provocar uma reação muito negativa do mercado", afirma.

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