FHC a Tripoli: “Sem prévias, o PSDB acaba”

Ricardo Trpoli ( esq.) ouviu a dura avaliao do ex-presidente e a reproduz dentro do partido; sem prvias, falta estmulo e emoo militncia, diz ele, que est percorrendo as bases; deciso esta nas mos do governador Alckmin



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Rodolfo Borges_247 – “No dia em que o senhor se transformar em prefeito de São Paulo, olhe menos para cima e mais para baixo”. É esse tipo de conselho que o deputado federal e pré-candidato à Prefeitura de São Paulo Ricardo Tripoli (PSDB-SP) vem colhendo em suas visitas aos diretórios zonais do partido – até agora, ele visitou 19 dos 58 que o PSDB mantém na capital paulista. O pedido em questão foi feito por uma senhora de idade satisfeita com a Lei Cidade Limpa, que livrou a cidade de outdoors, mas insatisfeita com a qualidade das calçadas. “Agora a gente consegue contemplar a arquitetura da cidade, mas tropeça nos buracos”, reclamou a senhora. É nesse contato com as bases que Tripoli, um dos fundadores do PSDB , aposta para emplacar sua candidatura e, antes de tudo, a realização de prévias no partido. “Sem prévias, o PSDB acaba”, disse o deputado ao Brasil 247.

Essa frase, que Tripoli vem carregando como uma bandeira, saiu da boca do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso há duas semanas, em conversa reservada com o deputado. “É por isso que não tenho a menor dúvida de que haverá prévias do PSDB. As grandes lideranças querem as prévias. Fernando Henrique, José Serra, (o governador de São Paulo) Geraldo Alckmin, (o presidente nacional do PSDB) Sérgio Guerra, Pedro Tobias, presidente estadual, e Júlio Semeghini, presidente municipal. O PSDB chegou num momento em que a militância precisa ser motivada. A militância está ávida. Temos um conhecimento muito grande de São Paulo, mas falta estímulo e emoção, e isso só se dá com as prévias”, defende o deputado, que, ao contrário de outros pré-candidatos, promete não abrir mão de sua candidatura mesmo que Serra ou o senador Aloysio Nunes entrem na disputa.

O deputado federal calcula já contar com o apoio de pelo menos 15% dos delegados do partido, o que bloquearia a possibilidade de um dos representantes clássicos do PSDB decidir, mais uma vez de última hora, apresentar sua candidatura e pular as prévias novamente. Segundo Tripoli, a última convenção para eleger o representante estadual do partido reuniu cerca de 300 participantes, longe da média de 3 mil que costumava frequentar o evento, tudo por causa da falta de estímulo. “As prévias serão fundamentais. Enquanto alguns partidos estão acabando com suas prévias, nós estamos incentivando”, diz o pré-candidato, em referência ao PT, que vem dando mostras de incômodo com a possibilidade de prévias no PSDB, na avaliação do deputado.

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O ex-ministro José Dirceu escreveu em seu blog sobre as prévias na semana passada para dizer que “com limitações como as que pretendem estabelecer, os tucanos vão terminar tendo prévias em que não são os filiados que votam e sim uma aristocracia”, referindo-se à proposta discutida pelo PSDB de restringir o voto nas prévias àqueles que tenham um período mínimo de filiação. Tripoli explica que isso evita tentativas de filiar novos membros apenas para eleger um candidato, como costuma ocorrer nas prévias do PT, que, aliás, também estuda a mudança. “O PT fez essa manifestação contrária, dizendo que as prévias não são democráticas. Acho muito estranho, num momento desses, o partido dos trabalhadores, que tem como principio no seu programa de governo a participação das pessoas, deixar de lado aqueles que militam no seu partido para que uma pessoa ou outra escolha a sua indicação”, rebate Tripoli.

O deputado critica nominalmente o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Como ele, do dia para a noite, resolve indicar um candidato (o ministro da Educação, Fernando Haddad) e convence, não sei de que forma, as demais lideranças e a base partidária de que ela não deve se manifestar? Acho que mudou o conceito do PT, que prefere trabalhar com a questão do marketing, mas mídias, das pesquisas”, comenta o pré-candidato, que aposta na qualidade de vida como plataforma de campanha.

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“É um projeto novo, pra frente, que não tem uma visão crítica do passado, mas uma visão crítica do futuro. Vamos analisar os problemas e apontar soluções, mas de maneira completamente diferente. A questão ambiental me ajuda muito nesse aspecto, porque me dá uma condição diferente. As pessoas querem viver na cidade de São Paulo, mas querem usufruir a cidade de uma forma mais legítima. As pessoas querem ser felizes em São Paulo”, diz o deputado.

Se tudo correr como o planejado, o PSDB deve decidir o modelo de suas prévias em setembro e realizá-las em janeiro do próximo ano. Enquanto os secretários de governo que devem concorrer permanecem instruídos por Alckmin a só se envolver com o processo eleitoral em 2012, Tripoli vai se movimentando e constrói seu programa de governo a partir das visitas que tem feito aos diretórios. “Pretendo em mais 30 dias finalizar os 58 diretórios zonais e, mais do que isso, buscar em cada reunião dos diretórios a opinião crítica em relação a cada um dos bairros. Para que cada um deles aponte as possíveis soluções. Com isso, vamos gerar um programa de governo que tenha identidade, que tenha o rosto da cidade”, planeja.

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