Felizes para sempre?
No enlace entre PSDB e DEM, não existem fadas nem princesas. Apenas lobos e madrastas
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Nesta sexta-feira 29, o mundo parou diante do mais irrelevante dos eventos planetários: as bodas entre o príncipe William e a plebeia Kate Middleton. Muito barulho por nada, diria Shakespeare. Mas por que tantos holofotes diante de um casamento real que pode apenas reerguer a imagem de uma monarquia falida e totalmente anacrônica? Simplesmente porque a cerimônia toca em mitos, anseios e arquétipos ancestrais, como os do príncipe encantado, da Cinderela e do amor eterno.
Aqui no Brasil, bem longe do mundo das fadas e princesas, outro casamento se ensaia, sem nenhum glamour. Trata-se da união entre PSDB, DEM e talvez PPS. Uma tese levantada pelo tucano Fernando Henrique Cardoso e que, segundo o senador Agripino Maia, líder do DEM, merece ser “esposada”.
Nessa história, não existem príncipes em cavalos alados. Apenas ogros, madrastas e lobos maus. A começar por José Serra, derrotado nas últimas eleições presidenciais, que estaria, silenciosamente, estimulando a migração de políticos tucanos e democratas para o PSD, de Gilberto Kassab.
Em retaliação, o governador Geraldo Alckmin, encastelado em seu Palácio dos Bandeirantes, partiu para a degola. Demitiu até seu vice-governador, Guilherme Afif Domingos, da estratégica Secretaria de Desenvolvimento Econômico.
Se Shakespeare fosse brasileiro e não inglês, ele hoje escreveria um novo “Hamlet”, cujo ponto culminante seria a frase: “Há algo de podre no reino de São Paulo.” Observadores mais atentos já preveem que a guerra surda entre José Serra e Geraldo Alckmin poderá levar à implosão do PSDB. E a única esperança de preservação do reinado talvez seja recorrer ao curinga FHC, na disputa para a Prefeitura de São Paulo em 2012. Uma derrota na capital paulista, todos sabem, seria o primeiro passo para a queda definitiva em 2014, no governo estadual.
O Brasil hoje tem uma oposição manca. Diante de um governo com 70% de aprovação, a realidade é simples: quem está fora quer aderir, o que explica o poder de atração do PSD. E nada indica que dois ou três partidos fracos, como DEM, PPS e PSDB, fundidos, formem um forte.
William e Kate talvez consigam devolver algum brilho à monarquia inglesa. Que sejam felizes para sempre ou, pelo menos, que o amor seja eterno enquanto dure, como diria o poeta Vinícius de Moraes. E o PSDB, que em 2014 completará 20 anos de poder em São Paulo, talvez descubra que nada dura para sempre.
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