Estado da Palestina é único caminho para paz
Sabe-se que o pleito dos palestinos terá como desfecho um veto dos EUA no Conselho de Segurança, para atender aos interesses de Israel, aliado norte-americano
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A 66ª Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas) trouxe auspiciosas novidades e importantes simbolismos no horizonte da política internacional. O primeiro deles, incontestável, foi o discurso de abertura da reunião, feito pela presidenta, Dilma Rousseff. Não apenas pelo fato de ser a primeira mulher a abrir os trabalhos de uma assembleia geral, mas pelos temas e tons adotados no discurso, que apontaram para a necessidade de reformar os organismos internacionais de decisão.
Evidente que o principal tema em debate é a criação de um Estado da Palestina, com capital em Jerusalém Oriental, conforme definido pela própria ONU quando se delineou a formação dos Estados de Israel, criado em 1948, e o da Palestina —que até hoje não saiu do papel, mas que tem como referência os limites territoriais anteriores a 1967. Sabe-se que o pleito dos palestinos terá como desfecho um veto dos EUA no Conselho de Segurança, para atender aos interesses de Israel, aliado norte-americano.
Ao contrário do que se pode imaginar, o veto dos EUA não é uma derrota dos palestinos. Simplesmente, porque a criação do Estado da Palestina já tem o apoio da maioria esmagadora dos países que compõem a ONU. Pelo menos 122 países, dos 193 que têm assento nas Nações Unidas, apoiam a proposta de reconhecimento da Palestina como Estado soberano e independente. Entre eles, o Brasil. Ou seja, a despeito do veto dos EUA, o clima que prevalece é de que a criação do Estado da Palestina coleciona cada vez mais apoios.
De fato, perde-se a chance de avançar por um caminho que se constitui hoje uma opção à rebelião e à luta armada. A tensão é grande também porque Israel segue com sua política de construção de colônias em áreas palestinas. Além disso, os territórios de Gaza e da Cisjordênia prosseguem ocupados —e Gaza bloqueada.
Estamos, portanto, diante de um quadro em que EUA, França, Inglaterra e Rússia —integrantes do Conselho de Segurança com poder de veto— deveriam se sentir responsáveis por pressionar Israel a mudar essa política e reconhecer o Estado Palestino com capital em Jerusalém Oriental. Só esse caminho pode arar o terreno da paz na região.
Por isso, é importante que o Brasil apoie o reconhecimento e a criação do Estado da Palestina. Porque sempre apoiamos também a criação do Estado de Israel e temos na convivência pacífica e cooperativa entre os povos um de nossos pilares de orientação de nossa política internacional. Sem a garantia à existência do Estado de Israel e da Palestina, não será possível conseguir a independência e segurança na região.
É preciso seguir a trilha que levará à criação do Estado Palestino, de caráter democrático, autônomo e soberano. Essa é mais que uma bandeira palestina, é uma bandeira de todos os que defendem a paz, a autodeterminação dos povos e o aperfeiçoamento dos organismos internacionais.
José Dirceu, 65, é advogado, ex-ministro da Casa Civil e membro do Diretório Nacional do PT
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