Esperando Pagot

Enquanto ele cai ou não cai, as estradas pedem socorro



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Enquanto chacoalhava pelas lúdicas rodovias de Minas Gerais, bailando entre carretas e contemplando os belos e convidativos abismos que ornam a paisagem das autoestradas mineiras, uma dúvida existencial me perturbava mais que a direção ofensiva de meus colegas de roda: por onde andará Luiz Antônio Pagot? O senador Alfredo Nascimento tinha caído do Ministério dos Transportes dias antes, Pagot exonerava em férias e eu, que me mudava de Brasília para São Paulo, aproveitava o domingo para checar a quantas iam as BRs 040 e 050. Nada bem, meu caro Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes, nada bem.

Eu tinha feito a mesma viagem duas semanas antes, no sentido contrário, para ajudar uma amiga na mudança, e o quadro que aquela viagem me pintou foi tão traumático que eu precisava confirmar se aquilo que parecia construção já era ruína mesmo. Não, as estradas entre Brasília e São Paulo não estão completamente esburacadas – não estamos no Nordeste –, mas tratar a coisa assim, apenas pela perspectiva dos buracos, pode dar uma ideia errada da condição das nossas rodovias.

Se me ficou alguma lição dessas aventuras, é de que não se deve viajar à noite pelo Brasil. Parta cedo, com os passarinhos, os galos ou quaisquer outros bichos que cedo madruguem, ou durma no meio do caminho antes de o sol se pôr. Cruzar com carretas no breu de pistas com apenas uma faixa e sem qualquer iluminação não é das experiências mais agradáveis. E, diante de asfaltos selvagens, quase intocados pelo homem, eu me questionava: terá Pagot passado por aqui? Mais do que isso, será que Pagot existe mesmo ou é criação do Blairo Maggi?

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Enquanto torcia para aquilo acabar logo, para chegar a luz de Luziânia ou o asfalto privado de São Paulo, eu buscava por um sinal da existência do DNIT, de Pagot, ou seja lá de quem eu possa responsabilizar por transformar uma viagem interestadual em esporte radical. Ele usa o mesmo caminho que eu ou não fomos feitos para a mesma estrada? “Não, eu sei que ele vai chegar, uma hora vai chegar, porque a gente merece mais do que essas placas velhas do DNIT”, devaneava eu sobre o crime que há no longo asfalto da estrada.

O caminho é perigoso, a gente teme pela vida e tal, mas o pior de tudo é o conflitante sentimento de alívio que acomete o motorista quando ele avista o primeiro pedágio paulista. Em celebração à própria vida, conseguimos a proeza de nos sentir bem ao pagar pela segunda vez por um mesmo serviço. Durante as quase 13 horas de viagem (ou 26 horas no total), esperei por uma manifestação de Pagot na rodovia, nem que fosse no tom protocolar de seus depoimentos ao Congresso Nacional. A viagem acabou, a espera, não.

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