Em voto, Barroso defende a Lava Jato e ataca Walter Delgatti

O ministro fez propaganda da operação, e até de livro sobre a força-tarefa, negou a autenticidade dos materiais divulgados pelo hacker Walter Delgatti Neto e afirmou que a "competência precede a suspeição", votando a favor de Moro

Ministro Roberto Barroso durante sessão extraordinária do STF. (04/03/2020)
Ministro Roberto Barroso durante sessão extraordinária do STF. (04/03/2020) (Foto: Carlos Moura/SCO/STF)


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247 - O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso votou no final da tarde desta quinta-feira (22) pela nulidade do julgamento da Segunda Turma da Corte que declarou o ex-juiz Sergio Moro suspeito nos processos contra o ex-presidente Lula na Lava Jato.

Em seu voto, o ministro fez propaganda da Lava Jato, e até de livro pró-Lava Jato, e atacou Walter Delgatti Neto, hacker que acessou as mensagens trocadas entre procuradores da força-tarefa e Moro, escancarando as ilegalidades cometidas pelo grupo. Ele chegou a afirmar que os diálogos revelados por Delgatti não têm comprovação de autenticidade, o que não é verdade.

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Barroso alegou vingança na busca pela responsabilização de Moro em razão de sua parcialidade. "Na Itália, a corrupção conquistou a impunidade. Aqui, entre nós, ela quer vingança. Quer ir atrás dos procuradores e juízes que ousaram enfrentá-la. Para que ninguém nunca mais tenha a coragem de fazê-lo. No Brasil, hoje, temos os que não querem ser punidos, o que é um sentimento humano e compreensível. Mas temos um lote muito pior, dos que não querem ficar honestos nem daqui para a frente, e que gostariam que tudo continuasse como sempre foi".

O magistrado disse ainda que a "competência precede a suspeição", argumento questionado pelo Twitter pelo advogado Marcelo Uchôa. "Que é isso, ministro Barroso?".

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Pelo Twitter, o advogado criminalista Augusto de Arruda Botelho declarou: "impressionante o quanto o Ministro Barroso vota diretamente para o Jornal Nacional. Fases da Lava Jato? Corrupção estrutural? O que está sendo julgado é uma questão exclusivamente processual! Não estou acreditando no voto do Barroso".

O advogado, ex-presidente da OAB-RJ e ex-deputado federal Wadih Damous afirmou que Barroso "é pós-doutor em senso comum e dos mais rasteiros. Em seu lamentável voto está fazendo o desagravo de Moro e da Lava Jato. A conclusão então, de acordo com Barroso, é que o juiz pode tudo no combate a corrupção. Pode ser até parcial. É um comício da UDN não é um voto".

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