Em livro de memórias, Emílio Odebrecht culpa Moro por conflito com o filho Marcelo, preso pela Lava Jato

No livro, Emílio avalia que revolta de Marcelo com a família ocorreu numa situação de “perseguição” e “maus tratos” por parte da força-tarefa da operação

Emílio e Marcelo Odebrecht
Emílio e Marcelo Odebrecht (Foto: Reprodução | REUTERS/Rodolfo Burher)


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247 - Em seu livro de memórias, Emílio Odebrecht revela que levou anos para compreender o comportamento da Lava Jato em relação à prisão do filho, Marcelo Odebrecht. O empresário afirma que seu filho sofreu intensamente quando o ex-juiz parcial  e senador Sérgio Moro e a força-tarefa da operação tentaram obter informações sobre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

“Marcelo, que chefiava o grupo desde 2009, se opôs aos termos do acordo de delação costurado pelo pai. Na guerra familiar, ele discordou ainda do tratamento que recebia da família, disse que era um ‘bode expiatório’ e chegou a acusar o pai e o irmão, Maurício, de extorsão e tentativa de tirar empresas dele”, destaca reportagem de O Estadão. 

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Segundo Emílio, Marcelo não estava na posição de atender aos pedidos do juiz, uma vez que assumiu a liderança da empresa apenas em 2009, durante o segundo mandato de Lula. Ainda de acordo com o empresário, a relação da construtora com o presidente sempre foi sua responsabilidade.

Emílio relata ter sido apresentado a Lula há 30 anos por Mário Covas, ex-governador de São Paulo, e descreve essa relação como uma "confiança mútua". Ele afirma que, ao longo dos anos, Lula nunca tratou de assuntos de interesse pessoal ou privado com ele. 

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O empresário relata no livro que a Fundação Odebrecht teve um impacto significativo após a prisão de Marcelo, com clientes de décadas dispensando seus serviços. A empresa, que em 2015 faturou R$ 132 bilhões e empregou 180 mil pessoas, entrou com pedido de recuperação judicial em 2019 e ainda busca se recuperar de sua grande dívida.

Em seu relato, Emílio critica a condução coercitiva de Marcelo como o primeiro "erro" de Sérgio Moro. Ele argumenta que a condução coercitiva só pode ser realizada se o acusado ou testemunha ignorar intimações para depor na polícia por duas vezes, e que a medida foi adotada para causar impacto midiático.

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“O patriarca dos Odebrecht observou que na ordem de prisão de Marcelo, o juiz afirmou “parecer inviável” que ele e o então presidente da Andrade Gutierrez, Otávio Marques de Azevedo, outro alvo da operação naquela sexta-feira, não soubessem da suposta corrupção. ‘O lapso verbal expunha, a quem a quem quisesse ver, um pré-julgamento, decorrente do conluio entre o juiz Moro e os procuradores’”, destaca a reportagem. 

 Emílio também questiona por que Moro não os interpelou antes de prendê-los, argumentando que não havia provas suficientes naquele momento para privá-los de liberdade. O empresário ainda aponta o uso de delações premiadas, pendentes após longos períodos de encarceramento e pressão sobre as famílias, como fonte de "provas" distorcidas ou falsas.

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Procurado, o senador Sérgio Moro ainda não apresentou o conteúdo do livro de Emílio Odebrecht.

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