Em discurso de posse, ministro da Justiça, André Mendonça, promete autonomia à PF
O novo ministro da Justiça, André Mendonça, discursou em defesa do aumento da segurança pública e promete autonomia às instituições, aspecto que causou atrito entre Jair Bolsonaro e o ex-ministro Sergio Moro e resultou na demissão do ex-juiz. Leia o discurso íntegra
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247 - Em cerimônia de posse nesta quarta-feira (29), o novo ministro da Justiça e Segurança Pública, André Mendonça, pregou mais investimentos e atenção à área de segurança e prometeu autonomia às instituições, citando nominalmente a Polícia Federal.
A autonomia da PF foi o pivô do pedido de demissão do ex-ministro Sergio Moro, que saiu do governo acusando Jair Bolsonaro de interferência política na Polícia Federal.
Mendonça assumiu quatro compromissos: com o Estado de Direito, combate irrestrito à criminalidade, atuação integrada com estados e municípios e com a justiça.
O novo ministro ainda enalteceu por várias vezes a carreira polícia de Bolsonaro e rasgou elogios ao seu governo.
Leia o discurso do ministro André Mendonça na íntegra:
"Momento difícil na história brasileira, onde vivemos uma crise de saúde, uma crise de Estado, uma crise ampla que envolve todos os aspectos da vida humana.
Queria assumir alguns compromissos hoje com a nação brasileira. Em primeiro lugar compromisso com o Estado De Direito e seus valores, a Constituição brasileira em seu preâmbulo constitui como valores supremos a liberdade, a fraternidade, a igualdade, o bem estar, o desenvolvimento, a segurança e acima de tudo a Justiça. Esse compromisso, dentro dessa expectativa de valores, vem reforçado pela ética, pela integridade, por efetivamente ministrar a Justiça e ser agente de segurança na nação brasileira, com uma atuação técnica, imparcial e sempre disposto a prestar contas.
Segundo compromisso de combate irrestrito à criminalidade. Há mais de uma década tenho dedicado meus esforços na teoria e na prática do combate à corrupção, hoje esse espectro se amplia. Presidente, vossa excelência tem sido por 30 anos um profeta no combate à criminalidade, e hoje esse ministro da Justiça assume o compromisso de lutar pelos ideais de uma vida que o senhor tem combatido. Lutarei com todos os meus esforços no combate ao crime organizado, o que envolve não apenas a corrupção, mas tráfico de drogas, de armas, os crimes contra a vida, patrimônio, os crimes de abuso sexual e os crimes cometidos contra a criança, o adolescente e a mulher.
Cobre de nós mais operações na Polícia Federal, presidente da República.
Terceiro compromisso: uma atuação integrada com estados e municípios. Temos um sistema único de segurança pública, e nesse sentido é preciso entender que a criminalidade hoje se constitui em rede, não é mais um sistema hierarquizado onde havia um chefe e uma cadeia de comando, mas uma rede de inúmeras pessoas, onde é mais complexo de retirar os agentes que coordenam essa rede. Não se faz o combate a uma criminalidade em rede se o governo e o estado, envolvendo não apenas União, estados e também municípios, e até mesmo outros países, se organizam em rede, e isso envolve estratégia, gestão do conhecimento e gestão da informação. Investimento em inteligência, em recursos humanos, em capacitação, em patrimônio, em equipamentos. Vamos lutar para que essa rede seja efetiva.
Meu compromisso vai diante uma saudação especial aos guardas municipais desse País, aos policiais militares desse País, aos policiais civis desse País, aos policiais rodoviários federais desse País, à Polícia Federal desse País, à Força Nacional de Segurança desse País, aos comandos militares desse País, ao comando da Força Maior desse País e ao chefe supremo da força maior, que é o senhor presidente da República.
Vamos trabalhar com diálogo, com seriedade, com integridade, com comunicação, com interação, onde nenhum de nós é maior do que o outro. O grande ator desse país é o povo, que se acostumou com um estado de insegurança e não sabe o que é viver, gerações brasileiras não sabem o que é viver, um estado de segurança pública. Nós precisamos instaurar nesse País um verdadeiro Estado de Direito, materialmente concebido com segurança pública efetiva. Isso passa pela valorização dos nossos policiais à integração das forças de segurança e por um comando único e uma história de vida relativa a segurança pública, senhor presidente. O povo o elegeu para isso e eu serei um fiel missionário dessa mensagem. A esses verdadeiros heróis, vamos buscar dar toda a retaguarda jurídica e valorização. Os senhores estão assistindo a heróis da área médica, dia a dia. Filhos, esposas e maridos veem seus cônjuges ou pais saírem para dar segurança pública, na incerteza se eles voltam com vida. Isso não é digno, essas pessoas têm que ser valorizadas, temos que reconhecer o valor dos agentes de segurança, e vamos trabalhar para esse fortalecimento, dando princípios, e não só a Polícia Federal, de autonomia, independência técnica, responsabilidade, prestação de contas, integridade, transparência e controle. Princípios que movem uma boa governança pública.
Quarto e último compromisso, com a Justiça e segurança da população. Justiça, dentro dela está a imparcialidade, atuação com base em critérios técnicos, um verdadeiro equilíbrio entre busca da eficiência e respeito aos direitos e garantias individuais, os fins não justificam os meios. Envolver a busca e o olhar para o pobre, para o rico, para o negro, para o branco, para o jovem, para o idoso, homens e mulheres, a todos sem distinção. E a segurança da viúva, do órfão, do caminhoneiro, do policial, da criança, de todo trabalhador e cidadão de bem desse País".
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