Duas historinhas bobas

O ministro que corre e o ministro que voa



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Foi no sábado, por volta de 16h30, na estrada que leva ao Aeroporto de Brasília e à Base Aérea. Um automóvel preto, com as placas verdes e amarelas de ministro de Estado, segue em velocidade, costurando na pista. Atrás dele, outro carro preto, com uma luz vermelha no teto, indicando levar agentes de segurança. Passam em alta velocidade pela barreira eletrônica que obriga os demais veículos a trafegar no máximo a 50 quilômetros . Dão mais algumas costuradas e seguem pela estrada da Base Aérea. Não deu para ver de qual ministro era o carro.

Qual seria o motivo da pressa? O ministro estava a bordo e o voo da FAB ia partir ou o motorista estava atrasado para buscar o ministro na Base? Tanto faz. Vai ver que nem uma coisa, nem outra. Os dois carros seguiam em velocidade porque podem, e azar dos que não podem. Atrasados ou não, os outros têm de passar pela barreira a 50, para não levar multa e pontos na carteira.

O episódio, no fim das contas, é bobo, sem importância diante dos milhões de reais roubados diariamente por corruptos e corruptores. Talvez o ministro estivesse à bordo de seu carro preto lendo a imprensa de fim de semana e vendo que não é só no Dnit, na Valec e no Ministério dos Transportes que se rouba e se roubou. Há muito mais denúncias circulando e muitas a circular.

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Uma dessas denúncias publicadas nos últimos dias não é de corrupção. É pequena também, diante dos 8 milhões de reais da Conab liberados irregularmente por um irmão do senador Romero Jucá, líder eterno do governo, seja lá qual for o governo. Ou diante das gravações que mostram pedidos de propina na Agência Nacional do Petróleo.

A denúncia que parece bobagem atinge um ministro do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli. Segundo a Folha de S. Paulo publicou, seguida de outros, o ministro faltou a quatro sessões do tribunal para assistir ao casamento de um advogado na Itália. Segundo o jornal, a hospedagem em Capri foi paga pelo advogado, que tem processos a serem julgados no Supremo.

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Toffoli disse que comunicou ao presidente da Corte que faltaria às sessões e não tinha que dar explicações sobre sua viagem privada. Associações de juízes se manifestaram a favor do ministro e esse assunto deve estar logo encerrado. Será soterrado por denúncias mais graves.

Mas, na verdade, não é bobagem, nem tema pequeno, sem importância. Toffoli, como qualquer outro ministro do STF, deveria se preocupar em estar em todas as sessões e não faltar ao trabalho para passear, seja na Chapada dos Veadeiros ou na Itália. E como autoridade pública deve explicações à sociedade, sim. Todos nós temos o direito de saber quem paga as despesas de uma autoridade.

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É claro que está tudo certo para associações de magistrados cujos encontros em resorts caríssimos são patrocinados por empresas que têm causas na Justiça. Mas não está nada certo para quem ainda acha que juízes devem zelar pela assiduidade e pela independência.

As pessoas comuns não podem tirar uns dias de trabalho para viajar. Se o fizerem, correm o risco de ter o salário descontado ou perder o emprego. As pessoas comuns também não podem violar regras de trânsito.

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O que acontece hoje é que de modo geral as autoridades e altos funcionários dos Três Poderes consideram que seus cargos lhe dão direito a privilégios, vantagens e mordomias. Acham tudo normal, e têm sempre a desculpa de que precisam disso para bem exercer suas funções. Daí, justificam cartões corporativos, carros oficiais, apartamentos funcionais, voos em jatinhos da FAB, viagens desnecessárias ao exterior, enorme contingente de seguranças, mais secretárias que executivos de grandes empresas.

Enganação pura, às custas do dinheiro público. Ministros não precisam voar pelas ruas, nem podem faltar ao trabalho para cumprir compromisso social no exterior com despesas pagas por alguém. Entre outras muitas outras coisas, claro. Um mínimo de austeridade faria bem ao Brasil.

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