Discurso 'Faça o que digo, não o que faço' de Dilma não convence europeus

Financial Times chama de hipcritas conselhos fiscais da presidente Unio Europeia. Colunista francs diz que tentao protecionista vinda do Brasil pode acabar com a competio desleal da concorrncia estrangeira. A arrogncia europeia esnoba ajuda dos emergentes



✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

Roberta Namour, correspondente do 247 em Paris - A presidente Dilma Rousseff encerrou sua passagem pela Bélgica, onde participou da 5ª cúpula Brasil – União Europeia. Por aqui, os conselhos e a promessa de ajuda do Brasil para combater a crise na Europa ecoaram aos quatro cantos. Mas pouco do que foi discutido, surtiu algum efeito. O Brasil quer mais investimento da UE e parcerias em suas indústrias para mover o motor da economia mundial. A UE quer se beneficiar da economia brasileira. No entanto, as negociações do acordo de livre comércio entre a UE e o Mercosul, liderados por Brasil e Argentina, não saíram do lugar.

Os franceses começam a falar que o feitiço de Dilma pode se voltar contra ela mesma. Segundo o colunista de economia da RTL, Eric Zemmour, enquanto a presidente defende abertura do comércio entre os dois continentes, ela eleva a 30% o IPI de carros importados, obriga empresas estrangeiras a se instalar no país para não serem comidas pelos altos impostos e controla a compra de terras por estrangeiros. « É a tentação do protecionismo vinda do Brasil, tão tabu hoje na Europa, mas fundamental para acabar com a competição desleal da concorrência estrangeira », disse Zemmour.

Um artigo publicado ontem no Financial Times também dá o tom negativo dos britânicos sobre essa solidariedade do Brasil. O blog “Beyondbrics” do jornal chamou de hipócrita os conselhos fiscais de Dilma e do ministro da Fazenda, Guido Mantega, do « recém-descoberto global » Brasil. « Sim, você leu certo. O país que está em 152º lugar no ranking do Banco Mundial por seu pesado sistema tributário está dando conselhos sobre impostos restritivos », disse o texto de Samantha Pearson. A mesma contradição sobre a questão do protecionismo, criticada por Dilma na Bélgica, mas praticada no Brasil, também é apontada pela publicação. « O Banco Central brasileiro interfere diretamente no câmbio através da compra de dólares, desde o começo dessa crise. Esse seria o motivo do governo ter uma expressiva reserva cambial ».

continua após o anúncio

O artigo do «FT» cita ainda a tentativa do ministro Guido Mantega de coordenar uma ajuda dos Brics aos países europeus, sem ter consultado os parceiros. « Guido Mantega, ministro do Brasil, tem sido um dos pioneiros nesse sentido. Depois de uma subida para a fama graças ao seu discurso contra a guerra cambial, Mantega propôs um pacote de resgate um pouco maluco para a zona do euro. O problema é que ele não consultou os outros países do Brics ».

Não importa o que Dilma ou qualquer outro país diga. Dificilmente a Europa vai perder sua arrogância e aceitar conselhos de fora. Até o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Timothy Geithner, foi botado para correr na reunião dos ministros europeus das finanças na Polônia. Nesses tempos de crise, o sentimento nacionalista está cada vez mais aflorado por aqui.

continua após o anúncio

 

continua após o anúncio

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Comentários

Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247

continua após o anúncio

Ao vivo na TV 247

Cortes 247