Dirceu manda recado a Mourão: que as Forças Armadas não façam declarações políticas nem contestem o Judiciário
O ex-ministro José Dirceu criticou o artigo de Hamilton Mourão intitulado "O que os brasileiros esperam das Forças Armadas". "Que as Forças Armadas cumpram a Constituição e em hipótese alguma façam declarações políticas", afirmou Dirceu. Que aceitem todas as decisões do Judiciário e não as contestem e se dediquem a construir as Forças Armadas para o século 21"
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247 - O ex-ministro José Dirceu afirma que o vice-presidente da República, Hamilton Mourão, "faz de conta que não existiu a permanente campanha do presidente Bolsonaro, incluindo sabotagem explícita, contra a vacina e a vacinação gratuita e universal com fila única e critérios de idade e vulnerabilidade". No texto, Dirceu criticou o artigo de Mourão intitulado "O que os brasileiros esperam das Forças Armadas", publicado no jornal O Estado de S.Paulo. De acordo com o ex-ministro, o militar "tenta justificar o injustificável".
"Que as Forças Armadas cumpram a Constituição e em hipótese alguma façam declarações políticas. Ou ameacem com as armas que a nação lhes entregou para a defender, e não para violar e rasgar a Constituição como em 1964 e 2016 e, depois, em 2018", afirma Dirceu em análise publicada no site Poder 360.
"Que se submetam ao poder civil, ao Congresso Nacional e ao presidente da República dentro da lei e da Constituição, inclusive em sua organização, missões, educação, promoções. Que aceitem todas as decisões do Judiciário e não as contestem, que voltem aos quartéis e se dediquem a construir as Forças Armadas para o século 21 e deixem de tutelar a sociedade e a República", acrescentou.
De acordo com ex-ministro, "Mourão sabe que o problema não é apenas a participação dos militares no governo Bolsonaro. Foi e é o envolvimento político da Forças Armadas e sua participação como partido militar na deposição da presidente Dilma, no apoio à Lava Jato, na pressão sobre o STF no julgamento do HC do ex-presidente Lula e na campanha e eleição de Bolsonaro. Tudo isso confessado pelo ex- comandante Villas Bôas em seu livro-depoimento. Sem esquecer que Mourão foi punido, em janeiro de 2016, por declarações políticas; mais grave, por homenagear o torturador impune coronel Brilhante Ustra".
"A presença maciça de militares no governo Bolsonaro para descontaminar a administração pública como se ela não estivesse sendo mais do que aparelhada, a presença de um general da ativa no Ministério da Saúde pelo conhecimento de logística das Forças Armadas como se o SUS não fosse exemplo de eficiência em vacinação e distribuição de vacinas. E propositalmente, esqueceu-se de mencionar que as Forças Armadas estão submetidas aos poderes constituídos e não são Poder Moderador", acrescentou.
Dirceu também afirma que o vice-presidente tenta "atenuar e proteger os militares da desastrosa gestão de um general da ativa, que jamais deveria poder assumir cargos políticos, no Ministério da Saúde". "Traz um argumento verdadeiro: a competência das Forças em questões de logística e organização quando convocadas para suprir incapacidade de agências governamentais", continua.
"Mas não foi este o caso, pois está mais do que provada a capacidade das agências governamentais, no caso o SUS, de vacinar dezenas de milhões de brasileiros em 3 meses como no governo Lula, quando foram vacinados 60 milhões. Sem nenhum incidente foi realizada toda a logística para transportar as vacinas para todo território nacional".
No texto, o ex-ministro afirma, ainda, ser "gravíssima" a tentativa "aberta e reiterada de mascarar e apagar da memória o golpe de Estado militar de 1964 e ainda nos vender a mentira de que herdamos da ditadura a atual democracia e Constituição". "Diz o artigo de Mourão que o atual regime foi inaugurado em 1985 –uma falseta, já que a carta constitucional que enterrou a ditadura e a tratou como tal é de 1988. Dizer que o golpe de 64 fortaleceu a representação política pela legislação eleitoral e deu coerência à União é cinismo é pura propaganda".
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