Dilma versus os 300 picaretas

Se a presidente quiser comprar esta briga de verdade, tem de estar do lado certo



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A presidente Dilma Rousseff tem feito de tudo para mudar a agenda da imprensa, mas não tem tido sucesso. É claro que a crise econômica e financeira internacional e suas repercussões no Brasil deveriam ser o principal tema dos debates políticos. Há uma série de obras de infraestrutura para colocar em dia, inclusive porque temos uma Copa do Mundo chegando. E há a prioridade estabelecida pela presidente: o fim da miséria no país.

Dilma tenta, com razão, mudar a agenda. Mas a corrupção e a malversação de recursos públicos dela decorrente continuam sendo o assunto que ocupa o espaço na cobertura política e na própria rotina presidencial. Certamente há, da parte de alguns políticos e meios de comunicação, a intenção de que os sucessivos escândalos causem prejuízos graves ao governo e à presidente. Denúncias sempre foram uma poderosa arma da oposição, às vezes bem usada, às vezes mal usada.

Mas a sucessão de fatos que mostram o altíssimo nível a que as práticas corruptas chegaram no país não podem, infelizmente, ser atribuídas apenas a uma ação ou manobra oposicionista. Ficar repetindo isso pode até dar resultados em alguns setores da opinião pública, mas cada vez mais estreitos. A realidade é que a corrupção existe e é grande, independentemente da oposição querer denunciá-la ou explorá-la politicamente.

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Pode até ser que um dia todas essas histórias cansem, que as pessoas não aguentem mais ouvir falar em corrupção e a imprensa desista de falar do assunto. Há quem aposte nisso. Os brasileiros e brasileiras não envolvidos em corrupção estão, pelo jeito, cada dia mais cordatos e cordeiros. Acham tudo normal, querem mais é levar a vidinha numa boa e consideram que o roubo é inevitável, faz parte do processo. Protestos violentos ou pacíficos, acampamentos e marchas de indignados, manifestações de rua, panelaços – isso é coisa de gerações passadas, de europeus e de vizinhos latino-americanos.

Mas pode ser que não seja bem assim, que as pessoas resolvam se mexer e que os escândalos maiores ou menores acabem por desgastar a imagem do governo e da presidente. E isso tenha repercussão não só no andamento do governo como nas eleições de 2014. É uma hipótese, não descartável como a anterior.

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Alguns setores governistas acham que, para esgotar o tema, basta acusar a oposição e a imprensa de estar explorando denúncias inconsistentes para prejudicar o governo e deixar o tempo passar. A oposição está animada, naturalmente, e fazendo sua politicagem. Petistas conhecem bem essa prática. A insistência em constituir comissões parlamentares de inquérito é exemplo disso. CPIs servem apenas como palanques iluminados para discursos inúteis. Quem quer mesmo investigar não o faz com CPIs. Quem quer desgastar o governo no grito, insiste nelas.

Esgotado o assunto na mídia e na sociedade, raciocinam esses governistas com excesso de realismo capitalista, retoma-se a governabilidade ameaçada. E o governo seguirá tranquilo até 2014 e terá continuidade, com ou sem Dilma. Mas, e se o assunto não se esgotar? E se a sociedade se tocar e se mobilizar contra a corrupção?

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Nesse caso, é fundamental que Dilma esteja do lado certo. O lado certo não é onde estão Romero Jucá, Renan Calheiros, Henrique Eduardo Alves e sua turma no PMDB, setores do PT cooptados pelo “pragmatismo” e o baixo clero fisiológico espalhado em siglas que nada significam de importante, mas têm votos suficientes no Congresso para chantagear o governo. O lado certo não é o dos que querem esconder a corrupção sob o pretexto de governabilidade e recorrendo à batalha contra algemas em ricos e poderosos.

Dilma, se o assunto não acabar (e se acabar não é por falta de matéria-prima, é porque cansou), terá de optar entre os corruptos do Congresso (e são mais do que os 300 picaretas de que Lula falava antes de ser presidente) e a população que quer ver o país crescer sem roubalheira. Não poderá fingir que não há corrupção grossa nos ministérios do Turismo, da Agricultura, do Trabalho, das Cidades e assim por diante.

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Se continuar a faxina, pelo jeito suspensa, e buscar apoio na opinião pública, Dilma poderá enfrentar tranquilamente os 300 picaretas (numa contagem modesta) e continuará governando, ao contrário do que alardeiam as vivandeiras contemporâneas. Até porque são picaretas e fisiológicos que não sabem ficar longe do governo, de qualquer governo. E quando sentirem que a maré mudou, mudarão também. Como sempre fizeram.

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