Dilma fala: faxina continua
Na primeira entrevista a uma semanal, ela escolhe Carta Capital, critica a mdia, defende Celso Amorim e d indireta contra Ricardo Teixeira; depoimento foi no dia da Operao Voucher e a presidente estava leve, mas no falou a respeito
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247 – Na semana mais difícil de seu governo até agora, em que enfrentou a rebelião do PR, uma crise aguda com o PMDB e viu seus índices de popularidade caírem, a presidente Dilma Rousseff concedeu a primeira entrevista exclusiva a uma revista semanal. Escolheu jogar em campo amigo e falou à Carta Capital, do empresário Mino Carta, eleitor declarado de Lula e de Dilma nas últimas eleições. A entrevista foi concedida na terça-feira 9, dia em que a Operação Voucher, da Polícia Federal, prendeu 35 pessoas do Ministério do Turismo. Segundo seus interlocutores, a presidente estava bem-humorada. A primeira pergunta não dizia respeito à prisão de 35 pessoas do Ministério do Turismo, mas ao fim da simpatia da “mídia” em relação à presidente. Leia a seguir os principais trechos:
SOBRE A MÍDIA
“Não acho que o governo deva se pautar por isso, pela mídia. Isso não significa não dar importância. Dou importância e tenho obrigação de levar em consideração as demandas. Agora, não vou gastar nisso todo o meu tempo, que é político”.
SOBRE CORRUPÇÃO
“Um governo que se deixa capturar pela corrupção é altamente ineficiente. É inadmissível, diante de tão pouco dinheiro que temos para fazer as coisas. Então, por uma questão não só ética e moral, mas de eficiência, você é obrigado a tomar providência.”
SOBRE CELSO AMORIM NA DEFESA
“Não estamos mais na época das vivandeiras. As Forças Armadas são disciplinadas, hierarquizadas e cumprem seus preceitos constitucionais. Estão subordinadas ao Poder Civil e é assim pelo fato de a sociedade brasileira ter evoluído nessa direção.”
SOBRE A QUEDA DE NELSON JOBIM
“Outra coisa muito grave, aquém da realidade, é achar alguém insubstituível. As pessoas têm de ter a humildade de perceber que não são insubstituíveis.”
SOBRE A CRISE AMERICANA
“Jamais pensei na minha vida que eu veria uma agência de classificação de risco rebaixar a nota dos títulos dos Estados Unidos. Fiquei perplexa.”
SOBRE O ATRASO NAS OBRAS DA COPA
“Vivemos em uma democracia. Temos o Judiciário, o Legislativo e o Executivo.” [Carta Capital, em seguida, aponta Ricardo Teixeira como chefe de uma organização mafiosa. E a presidente responde: “Do governo ele não é”]
SOBRE A ABERTURA DA COPA
“Acreditamos que o estádio em São Paulo será o que vai ficar pronto mais em cima da hora, mas vai ficar pronto antes do começo da Copa. Temos 12 sedes e, em qualquer hipótese, seria possível realizar a Copa com bem menos do que isso.”
SOBRE PUXADINHOS NOS AEROPORTOS
“Puxadinhos, meu filho, foi o que segurou a Copa da África do Sul. Não faremos isso. Vamos segurar até a Copa, mas, quando ela chegar, estaremos prontos.”
SOBRE O TREM-BALA
“As mesmas pessoas que hoje criticam o trem-bala diziam nos anos 1980 que o Brasil não deveria fazer metrôs, era coisa de país rico. Deu no que deu.”
SOBRE A COMISSÃO DA VERDADE
“Vamos criá-la. Não é algo que pode ser visto partidariamente, é uma dívida que temos.”
Se alguma pergunta foi feita sobre a Operação Voucher e a crise com o PMDB, ela não foi publicada.
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