Dilma diz que trabalhistas do PDT não pensam como Ciro, que a atacou, e defende 'unidade progressista'
A ex-presidente afirma, em nota, que Ciro Gomes "não faz parte desta história comum e tampouco afetará meu respeito pelo partido de Brizola, por seu atual presidente, por Alceu Collares e por todos e todas ao lado de quem lutei"
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247 - Após atacada pelo ex-ministro Ciro Gomes (PDT) em pleno 8 de Março, Dia Internacional da Mulher, a ex-presidente Dilma Rousseff publicou nota nesta terça-feira (9) na qual reafirma seu respeito pelo PDT e pelos adeptos da legenda e pede "unidade progressista".
"Quem me atacou não faz parte desta história comum e tampouco afetará meu respeito pelo partido de Brizola, por seu atual presidente Carlos Lupi, que foi ministro do meu governo, por Alceu Collares e por todos e todas ao lado de quem lutei", disse a ex-presidente.
Em ato misógino, Ciro Gomes afirmou que Dilma foi "outro aborto que aconteceu na história brasileira".
Leia a nota na íntegra:
Pela unidade progressista
Um pouco antes do Dia Internacional da Mulher, velhos amigos trabalhistas do Rio Grande do Sul me proporcionaram a oportunidade de prestar uma homenagem a três grandes mulheres às quais me juntei nas lutas pela Anistia, durante a ditadura militar e, depois disso, na organização do partido de Leonel Brizola, quando ele retornou ao Brasil. Três bravas guerreiras, cuja amizade me honrou e que merecerão minha eterna admiração: Therezinha Zerbini, Mila Cauduro e Lícia Peres.
Com elas, e com tantas outras mulheres e homens do Brasil, escrevemos página bonita da nossa história: a refundação do trabalhismo, responsável por grandes conquistas sociais da históricas. Massacrado pela ditadura militar, o trabalhismo nunca foi esquecido pelo povo, que sempre o identificou por meio de seus principais líderes: Getúlio Vargas, João Goulart e Brizola.
O PDT foi resultado da grande liderança pessoal de Brizola, mas não teria sido criado sem a participação de bravos militantes e lutadores como Darcy Ribeiro, Saturnino Braga, Vivaldo Barbosa, Carlos Lupi, Alceu Collares, meu companheiro de vida e militância Carlos Araújo e tantos outros que dedicaram parte de suas vidas a combater o autoritarismo e construir um país melhor.
Mais do que refazer um partido, estava em questão, naqueles tempos, reatar o fio de história, rompido com o Golpe de 1964. Era preciso lutar, onde fosse possível, pela devolução das liberdades democráticas e dos direitos roubados dos trabalhadores.
Não escondo minha experiência e minha formação. Pelo contrário. Tenho muito orgulho e, por isso, hoje, mesmo estando em outro partido político, o PT, posso afirmar que não abri mão de meus princípios. Na verdade, os reafirmei com grande firmeza. Continuo do mesmo lado da história.
Petistas, trabalhistas, socialistas, progressistas de qualquer partido, assim como dos movimentos sociais e sindicais, compartilhamos todos lutas comuns, sonhos e utopias que nunca deixarão de nos mobilizar.
O que importa é que tenhamos sempre noção de quem são nossos adversários e de que eles estão do outro lado - o lado errado da história.
Ontem, no Dia Internacional da Mulher, fui alvo de um gesto misógino e de caráter reacionário ao qual me senti no dever de responder. Mas tenho certeza de que não pensa daquela maneira a maioria dos valorosos trabalhistas com os quais convivi parte da minha vida.
Quem me atacou não faz parte desta história comum e tampouco afetará meu respeito pelo partido de Brizola, por seu atual presidente Carlos Lupi, que foi ministro do meu governo, por Alceu Collares e por todos e todas ao lado de quem lutei.
Em nome da unidade progressista contra um governo fascista e perversamente neoliberal, em defesa de nossa soberania, dos direitos do povo brasileiro e, sobretudo em defesa da saúde do povo brasileiro, que precisa ser vacinado e atendido em suas necessidades básicas por meio de uma renda emergencial, tenho convicção, hoje mais do que nunca, de que devemos estar juntos.
DILMA ROUSSEFF
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