Dilma: "Amorim é o homem certo no lugar certo"
Pela primeira vez, presidente tem de explicar e justificar a escolha de um ministro; nome do ex-chanceler, que tomou posse hoje,no foi bem aceito por militares
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247 – Até escolher o ex-chanceler Celso Amorim para chefiar o Ministério da Defesa, a presidente Dilma Rousseff foi aplaudida em todas suas escolhas ministeriais. A troca de Antonio Palocci pela então senadora Gleisi Hoffmann surpreendeu, mas a justificativa de que a Casa Civil precisava de alguém com perfil mais técnico e menos político agradou. A troca de Luiz Sérgio por Ideli Salvatti na Secretaria de Relações Institucionais da Presidência também obteve boa repercussão, assim como a efetivação do ex-secretário-executivo Paulo Sérgio Passos, com fama de técnico, no lugar do “político” senador Alfredo Nascimento (PR-AM) no Ministério dos Transportes. Mas a opção por Amorim para ocupar o lugar de Nelson Jobim não caiu bem, tanto que a presidente teve de explicar uma escolha pela primeira vez, e o fez com cara de poucos amigos.
"Convoquei (Amorim) porque tenho a convicção de que ele é o homem certo no lugar certo", disse Dilma durante a posse do novo ministro da Defesa. “Ele tem qualidades que o aproximam muito dos senhores militares de longa formação”, acrescentou a presidente, em mais uma referência aos militares, que a presidente convocou para uma reunião na manhã da última sexta-feira para tratar do assunto. A opção por um diplomata de forte histórico ideológico à frente do Itamaraty não agradou entre as Forças Armadas e foi considerada uma escolha infeliz da presidente – ainda que feita sob influência do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Trocas de comando fazem parte, desde que se troque de comandante e não deixe de fazer o que se deve fazer. Tenho certeza que ele fará, se dedicará a construir de corpo e alma essa política de defesa”, completou a presidente.
Amorim foi de fato a primeira escolha condenável de Dilma, e o acerto de sua decisão se confirmará (ou não) com o tempo. O Ministério da Defesa não tem bom histórico de liderança diplomática – o primeiro deles, José Viegas Filho, teve de ser substituído pelo então vice-presidente José Alencar, em 2004, depois de se desentender com os militares – e a escolha de Amorim foi considerada uma afronta em alguns setores das Forças Armadas.
Como de costume, o ex-ministro das Relações Exteriores foi diplomático em suas declarações durante a posse como ministro da Defesa. “De maneira serena, cabe a mim, neste momento, mais ouvir do que falar. Identifico nos militares patriotismo, dedicação e respeito à hierarquia”, disse, num recado sutil aos membros das Forças Armadas, que estão submetidos ao Ministério da Defesa.
Rossi
Depois de explicar por que optou por Amorim, a presidente continua tendo de explicar por que ainda não afastou o ministro da Agricultura, Wagner Rossi. Nesta segunda-feira, a presidente reiterou seu apoio ao ministro, manifestado por meio de nota publicada pelo Palácio do Planalto no domingo.
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