Collor: governo não tem como dar certo e Bolsonaro corre risco de impeachment

"Continuando do jeito que está, não vejo como este governo possa dar certo. São erros primários. Bolsonaro esteve na Câmara por 28 anos, viu como se forma um movimento numa casa em que o chefe do Executivo não dispõe de maioria", alerta o ex-presidente Fernando Collor, que foi eleito em 1989 e sofreu impeachment em 1992

(Foto: PR | Senado)


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247 – Primeiro presidente eleito após a redemocratização do País, Fernando Collor de Melo disse que Jair Bolsonaro pode repetir a sua sina: a de cair por não ter maioria no Congresso e não se dedicar de forma adequada à construção de uma sólida base parlamentar. "Vejo semelhança entre o tratamento que eu concedi ao PRN e o que ele está conferindo ao PSL. Em outubro de 1990, nós elegemos 41 deputados. O pessoal queria espaço no governo, o que é natural. Num almoço com a bancada, eu disse: 'Vocês não precisam de ministério nenhum. Já têm o presidente da República'. Erro crasso. O que está acontecendo com o Bolsonaro é a mesma coisa", disse ele, em entrevista ao jornalista Bernardo Mello Franco. publicada no jornal O Globo. "Logo no início, ele tinha que ter dado prioridade aos 53 deputados do PSL. E, a partir desse núcleo, construído a maioria para governar. Ele perdeu esse momento. Agora reúne a bancada para dizer que vai sair do partido? Erro crasso. Estou dizendo porque eu já passei por isso. Estou revendo um filme que a gente já viu. Vai ser um desassossego para ele", afirma.

Collor não vê possibilidade de que o governo Bolsonaro seja bem-sucedido. "Continuando do jeito que está, não vejo como este governo possa dar certo. São erros primários. Bolsonaro esteve na Câmara por 28 anos, viu como se forma um movimento numa casa em que o chefe do Executivo não dispõe de maioria", diz ele, que fala até em risco de impeachment. "É uma das possibilidades. Bolsonaro não vem se preocupando com a divisão da sociedade brasileira, que se aprofunda. O discurso dele acentua a divisão. Com a soltura do Lula, a tendência é que essa divisão se abra ainda mais. O governo tem que ser bombeiro. Tem que entender que não está mais em campanha. Hoje uma boa parcela dos eleitores que não queriam o PT está desiludida. É preciso que alguém acorde neste governo e diga: 'O rei está nu'”, afirma.

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