Ciro Nogueira diz ter "carinho" por Lula, reafirma oposição e reconhece que nomes do PP querem migrar para a base do governo

Por outro lado, o ex-ministro de Bolsonaro afirmou que o governo Lula não tem força no Congresso e depende de Arthur Lira conseguir votos

Ciro Nogueira e Lula
Ciro Nogueira e Lula (Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado | Ricardo Stuckert/PR)


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247 - O senador Ciro Nogueira (PI), presidente nacional do Progressistas (PP) e ex-ministro da Casa Civil do governo Jair Bolsonaro (PL), afirmou que tem um ”carinho enorme" pelo presidente Lula (PT), de quem já foi aliado no passado, mas que seguirá fazendo oposição ao governo do petista. Nogueira, porém, admite que o partido está “um pouco dividido” e que parte dos parlamentares querem integrar a base governista no Congresso Nacional. 

Ainda segundo ele, o governo Lula não possui uma base sólida junto ao parlamento e depende do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), para conseguir os votos necessários para a aprovação de projetos de interesse do Planalto. 

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“Tenho um carinho enorme pelo presidente Lula e sei que ele tem esse carinho por mim. Tem muitos anos que não converso com ele, evitei esse contato. Acontece que temos uma grande diferença atualmente. Nunca tivemos a direita forte como temos hoje. Tínhamos uma direita falsa, que era o PSDB, que ocupava esse espaço. Com a chegada do presidente Bolsonaro, as pessoas saíram do armário”, disse Nogueira em entrevista ao jornal Valor Econômico

“Sempre fui de centro-direita. Mas não tinha ninguém liderando esse processo no país. Eu hoje tenho uma identidade completa com o que fizemos no governo, sou até mais à direita no liberalismo que Bolsonaro. Não tenho identificação com questões de costumes. E hoje tenho a decisão de ficar na oposição nos próximos quatro anos, estarei contra Lula ou o candidato dele em 2026. Aliado a isso, o Lula de hoje não é o Lula que eu apoiei lá atrás”, ressaltou.

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Nogueira destacou que a legenda está “um pouco dividida”, apesar do partido estar na oposição ao governo Lula. “Eu sou totalmente oposição ao governo. Grande parte dos deputados acompanha esse meu posicionamento. Mas eu deixei os deputados livres pra votarem de acordo com suas consciências, com seu eleitorado, por conta da questão do Arthur [Lira, presidente da Câmara]. Como ele recebeu o apoio do PT [na reeleição], me constrange um pouco ter uma atuação mais firme. Eu sempre medi essa responsabilidade que o Arthur tem lá. Então eu fico um pouco no fio da navalha. Mas eu sou de oposição, e o PP é um partido de oposição”, afirmou.

Na entrevista, o parlamentar afirmou que “Lula não se preparou para assumir o país” e que a articulação política está “nas mãos dos presidentes Arthur Lira e do [Senado] Rodrigo Pacheco [PSD-MG]. Não tem articulação política. Se o Arthur chegar e disser ‘gente, não vou me envolver nessa votação’, o governo perde”.

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O presidente do PP também disse considerar um “absurdo” a possibilidade de Bolsonaro ser declarado inelegível pela Justiça Eleitoral. “Acho absurdo se isso acontecer, mas se acontecer, aí eu tenho certeza que a direita vai ganhar a eleição em 2026. Porque a população não vai aceitar um presidente ser tirado de seus direitos de ser candidato porque se reuniu com embaixadores e porque fraudaram um cartão de vacinas dele. Se ele já é forte, isso [inelegibilidade] vai multiplicar por dez a força dele. Aí não tem nem eleição, já pode botar a faixa no peito do Tarcísio [de Freitas, governador de São Paulo]”, afirmou.

“Se o Tarcísio for candidato, só ficam fora da chapa o PT, PCdoB, PDT e PSB. Só. A candidatura dele racha o MDB e, acredito, leva o PSDB para a composição. Meu grande trabalho hoje é juntar esse grupo. Se for bem costurado, se as ambições pessoais forem deixadas de lado, este grupo estará unido e leva a próxima eleição. Depois, me cobrem”, ressaltou.

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