Celso Amorim: ao apoiar EUA, governo aceita prejulgamento de Trump sobre Irã
Ex-chanceler diz ser "lamentável" o posicionamento do Itamaraty sobre o assassinato do general Qassem Soleimani por ordem de Donald Trump. "Sob a ótica dos valores, abandona a tradição e o dispositivo constitucional sobre solução pacífica de conflitos; aceita o prejulgamento feito por Trump de que o general era terrorista"
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247 - O ex-ministro das Relações Exteriores Celso Amorim classificou como "lamentável" a posição do Itamaraty, comandado por Ernesto Araújo, em apoio ao assassinato do general Qassem Soleimani por ordem de Donald Trump.
"Ao tomar conhecimento das ações conduzidas pelos EUA nos últimos dias no Iraque, o Governo brasileiro manifesta seu apoio à luta contra o flagelo do terrorismo e reitera que essa luta requer a cooperação de toda a comunidade internacional sem que se busque qualquer justificativa ou relativização para o terrorismo", diz a nota do Ministério das Relações Exteriores, divulgada na sexta-feira 3.
Em entrevista ao Congresso em Foco, Celso Amorim declarou sobre a posição do governo brasileiro: "sob a ótica dos valores, abandona a tradição e o dispositivo constitucional sobre solução pacífica de conflitos; aceita o prejulgamento feito por Trump de que o general era terrorista, ignora que o assassinato de um alto dirigente de outro Estado é um ato de guerra sem declaração de guerra que viola o Direito Internacional e enfraquece as Nações Unidas".
"Do ponto de vista do nosso interesse, o alinhamento com Trump afetará o acesso de produtos agropecuários a um grande mercado. Mais grave, põe em risco a segurança de brasileiros no Oriente Médio e atrai para o Brasil um conflito que sempre passou ao largo do nosso país", diz ainda o ex-ministro.
"Em outros tempos, talvez o Brasil poderia contribuir para a paz, juntando-se a outros países, ao Papa e ao Secretário-geral da ONU. Em vista da baixa credibilidade do país nos dias que correm, tendo a concordar com o general Etchegoyen: o melhor é ficar de fora e fingir que não é conosco. A vergonha e o risco seriam menores", completa.
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