Celso Amorim: Bolsonaro quer caos e violência neste 7 de Setembro

"Pela minha idade, já vi vários golpes, mas acho que este é o momento de maior tensão anunciada que eu vi o país viver", afirma, apreensivo, o ex-ministro da Defesa e das Relações Exteriores dos governos do PT, Celso Amorim, em entrevista ao Tutaméia

Celso Amorim e Jair Bolsonaro
Celso Amorim e Jair Bolsonaro (Foto: Brasil247 | Reuters)


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Por Eleonora de Lucena e Rodolfo Lucena, no Tutaméia - “Bolsonaro acha que ganha com a confusão, com o caos e com a violência. O 7 de Setembro vai ser um teste da democracia brasileira. Pela minha idade, já vi vários golpes, mas acho que este é o momento de maior tensão anunciada que eu vi o país viver. Vejo com grande preocupação. Acho que nós devemos ter um misto de firmeza com sabedoria”.

A avaliação é de Celso Amorim ao TUTAMÉIA. Para ele, preocupa especialmente a incitação ao uso de armas por alguns grupos, a participação de policiais militares. Segundo ele, há o risco de o país cair num abismo nazista e é preciso ampliar a oposição à Bolsonaro.

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“O 7 de setembro está sendo usado para tumultuar. A provocação pode ocorrer. A provocação é o objetivo da manifestação. Provocação ao STF, provocação às autoridades constituídas. É o objetivo. Qualquer ação que facilite a provocação é uma ação que deve ser evitada”.

Assim, ele defende cautela. “Onde for possível, concentrar essa manifestação no Grito dos Excluídos, mas evitando totalmente qualquer hipótese de confrontação. E talvez marcar uma outra manifestação pelo Fora Bolsonaro, que possa ser mais ampla e ter apoio inclusive de setores aliados”.

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Ele segue:

“Temos algo histórico, que é o Grito dos Excluídos, que é tradicional. Eu não conclamaria à participação. Os que já participam, que participaram tradicionalmente, que façam, para também não dar uma demonstração de acovardamento, o que também não seria positivo. Sou muito contrário a atitudes provocativas. Não deixar de lado o Grito dos Excluídos. Os provocadores são do outro lado; eles irão lá chatear. Bolsonaro está incentivando as milícias, esse é o objetivo”.

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“E por que esse é o objetivo? Porque o Bolsonaro já sabe que ele perderá a eleição. Se e quando houver eleição, ele vai perder. Inicialmente, jogou com a tática de desacreditar o processo eleitoral –continua jogando…  Ele tem apoio de poucos setores sociais, tem um pouco do centrão, os militares, com exceções. Mas, de modo geral, sobretudo o Alto Comando do Exército, não está entusiasmado. Pode dizer que não está contra, evidentemente. A centro-direita também não gosta desse caminho”.

Ministro das Relações Exteriores nos governos Lula e Itamar e da Defesa no governo Dilma, ele afirma que Bolsonaro “quer antecipar a confusão, antecipar o golpe”.

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“Pode não ser um golpe militar tradicional, mas pode ser, digamos, fruto de uma agitação em que você não sabe bem quem é a polícia, quem são as milícias. No momento em que estamos vivendo, se nós compararmos o que pode ocorrer no Brasil com o que ocorreu no Capitólio, o que se pode dizer é o seguinte: para que as milícias prevaleçam, basta que as Forças Armadas não façam nada, que elas estejam impedidas de agir –ou por indecisão, ou porque estejam divididas”.

Nesta entrevista (acompanhe a íntegra no vídeo e se inscreva no TUTAMÉIA TV), Amorim considera que não conclamar para atos da oposição no Sete de Setembro não é demonstração de fragilidade:

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“Não seria sinal de fraqueza. A minha tendência seria dizer: não faz nada. Não vejo como recuo. É como um lutador de box, quando você vê que o cara vai dar um soco e você dá uma saída de lado e ele dá o soco no ar. Ele se enfraquece, porque dá um soco no ar, não atinge lugar nenhum. Não acho que tenha que ter essa confrontação. O que ocorreu na Alemanha entre as milícias da SS e as milícias comunistas e acabou dando no que deu. Nós não ganhamos nada com isso”.

Leia a íntegra no Tutaméia e assista abaixo à entrevista:

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