Caso Negromonte ameaça suspensão da faxina de Dilma

Declaraes belicosas e denncias comprovadas ainda tornam difcil a vida dele como ministro das Cidades



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Evam Sena_247, Brasília – A nova postura da presidente Dilma Rousseff, de dar um freio na “faxina” nos ministérios, enfrenta dificuldades com novas denúncias e declarações polêmicas de aliados. Um dia depois de afirmar que não vai admitir que se faça uma “escala de demissão” no seu governo, foram lançadas suspeitas sobre o uso de verba da Câmara dos Deputados, pelo ministro Mário Negromonte (Cidades), para pagamentos de gastos de campanha eleitoral.

Após evento no Planalto, Dilma afirmou ontem que o seu governo não é “Roma antiga”, quando cristãos eram jogados aos leões, e que vai “jamais assumir” “pauta de demissões”. Apesar de ter defendido “preceitos da Justiça moderna” e “direitos individuais e as liberdades”, Dilma se vê cada vez mais pressionada pelas denúncias contra ministros, difíceis de serem rechaçadas.

Além de Negromonte ter pagado empregados de sua campanha para deputado federal, em 2010, com verba indenizatória da Câmara, lançando suspeitas sobre suas contas eleitorais, o ministro ficou queimado no Planalto depois de entrevista ao jornal O Globo, em que afirma que a briga interna em seu partido, o PP, vai terminar em sangue. Ele ameaçou divulgar o que chamou de “folha corrida” de colegas deputados.

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Dilma e o comando do PP avaliaram as declarações como desastrosas, e Negromonte teve que ir ao Planalto se explicar. Fica cada vez mais incoerente as declarações públicas da ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais), segundo as quais as disputas internas dos partidos não vão afetar a manutenção de ministros.

E a pressão pode aumentar. Ao 247, o presidente do PPS, deputado Roberto Freire (SP), afirmou que estuda entrar com representação contra Negromonte, deputado licenciado, por conta do suposto uso indevido da verba indenizatório. “É mais um elemento para mostrar a frouxidão moral do governo Lula-Dilma. Vou levar a proposta [de representação] à bancada do PPS e falar com os líderes do PSOL”, disse.

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Na contramão da tentativa da ministra Ideli de fortalecer a base do governo, reaproximando o PR, o líder do partido na Câmara, Lincoln Portela (MG), assinou requerimento pela criação da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Corrupção. Enquanto isso, o grão-mestre do partido, deputado Valdemar Costa Neto (SP), teve processo aberto no Conselho de Ética da Câmara.

A representação será relatada pelo tucano Fernando Francischini (PSDB-PR), delegado licenciado da PF. Ao 247, ele evitou adiantar seu posicionamento, mas classificou as denúncias como “muito graves”. No processo, Valdemar é acusado de pedir propina a empresário, no Ministério dos Transportes, em troca de liberação de recursos e de negociar verbas da pasta para que deputados ingressassem no PR.

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As declarações de recuo de Dilma sobre a faxina acontecem, também, ao mesmo tempo que denúncias atingem ministros do PT. Paulo Bernardo (Comunicações) é suspeito de ter pegado carona em avião privado em troca de favorecimento político. Já sua mulher, a ministra Gleisi Hoffmann (Casa-civil), recebeu indenização de R$ 41 mil da Itaipu Binacional ao deixar a empresa para se candidatar ao Senado. A verba só poderia ter sido liberada em caso de demissão sem justa causa.

 

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