Breno Altman: sem maioria no Parlamento, Lula precisa educar e organizar sociedade

Petista venceu eleição sem contar com maioria nas camadas médias; com bancada minoritária na Câmara e no Senado, precisa reconquistá-las para poder governar; veja vídeo na íntegra

Breno Altman e Lula
Breno Altman e Lula (Foto: Felipe L. Gonçalves/Brasil247 | Ricardo Stuckert)


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Opera Mundi - Em análise sobre o significado da eleição de Luiz Inácio Lula da Silva para um terceiro mandato presidencial neste domingo (30/10), o jornalista Breno Altman, fundador de Opera Mundi, afirmou que, sem contar com maioria no Congresso Nacional, o novo governo terá de investir na mobilização popular para conquistar governabilidade.

“Sem a mobilização permanente do povo a partir da Presidência da República, é possível que o governo Lula se veja em muitas situações difíceis, a exemplo do que ocorre em outros países da América Latina. É uma situação muito delicada ter o governo da República e não ter maioria parlamentar. Além da articulação institucional, talvez seja imprescindível um investimento poderoso na mobilização, na educação e na organização do povo”, disse Altman no programa 20 MINUTOS desta segunda-feira (31/10). 

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Lula venceu entre o eleitorado de renda mais baixa, que recebe abaixo de dois salários mínimos mensais, e entre os eleitores de maior renda, que ganham mais de 10 salários por mês, mas foi derrotado nas camadas médias, de eleitores que recebem de dois a 10 salários mínimos mensais. Essas englobam as franjas superiores da classe trabalhadora e as inferiores, assalariadas, das camadas médias, os trabalhadores precarizados e os microempreendedores.

A reconquista dessas camadas, que alicerçaram a fundação do Partido dos Trabalhadores em 1980, será outro desafio central para garantir sustentabilidade ao governo de frente ampla, composto por frações à esquerda e por setores de direita e adeptos do neoliberalismo. 

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“É possível ganhar as eleições no Brasil apenas com o voto dos pobres, mas é muito difícil ter a direção do Estado e da sociedade sem ter maioria nas camadas médias”, conclui o jornalista, destacando que entre os eleitores mais ricos desta vez o antipetismo pesou menos que a rejeição pela brutalidade do bolsonarismo. 

A desaprovação das camadas médias a Lula é uma das razões que explicam, em sua visão, a estreitíssima margem de vitória sobre Jair Bolsonaro, por 50,9% a 49,1% ou 60,3 milhões de votos contra 58,2 milhões.

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Altman sublinhou alguns aspectos do resultado do segundo turno da disputa presidencial, como os fatos de Lula ter vencido no Nordeste e perdido em todas as demais regiões do Brasil, e de a esquerda só ter conquistado o governo de um dos cinco maiores estados do país, a Bahia, perdendo para candidatos bolsonaristas ou de direita liberal em São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.

“A vitória só foi possível por conta da força popular de Lula e do PT, associada à unidade com os demais partidos de esquerda, o sindicalismo, os movimentos sociais e as principais referências do mundo do trabalho, da cultura, do feminismo, da luta antirracista e contra a homofobia. O triunfo de Lula altera profundamente o cenário da luta política no Brasil, pela conquista do poder executivo com uma coalizão liderada pelo PT”, sintetiza o jornalista, demarcando a divisão da burguesia brasileira, da qual várias frações se descolaram, ingressaram na frente antibolsonarista e apoiaram a candidatura petista.

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Na avaliação de Altman, a dianteira de Bolsonaro entre aos setores médios foi conquistado à base de antipetismo e de disputa ideológica e cultural de extrema intensidade, mas também do abandono relativo dos eleitores das camadas médias pela esquerda. 

No segundo turno, Bolsonaro teve sete milhões de votos a mais que no primeiro turno, enquanto Lula recebeu três milhões de votos a mais. O atual presidente capturou 70% dos eleitores que não haviam votado em nenhum dos dois no primeiro turno e estão majoritariamente incrustados nas camadas médias, em especial de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Essa divisão cria uma situação peculiar.

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Enquanto isso, o neofascismo de massas de Bolsonaro conquistou sobrevida nas eleições com força parlamentar no Congresso Nacional e nos governos estaduais, além de ainda contar com forte inserção nos aparatos policiais e das Forças Armadas. 

“É possível extirpar o bolsonarismo do cenário político sem extirpar o neoliberalismo? É possível atrair setores médios novamente para a hegemonia do PT sem que o modelo neoliberal seja substituído?”, indaga Altman, deixando em aberto respostas que só os próximos anos poderão trazer.

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