Barroso: Discussão é sobre o ‘quanto’ e não ‘se’ redes sociais devem ser regulamentadas

Ministro do STF participou neste sábado do Fórum Esfera, da Esfera Brasil, no Guarujá (SP)

Ministro Luís Roberto Barroso
Ministro Luís Roberto Barroso (Foto: Carlos Moura/STF)


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Por Agenda do Poder - A regulamentação das redes sociais tem a finalidade de tributar as empresas que as operam, mas também a de proteger a privacidade individual, os direitos autorais, para coibir o abuso de poder econômico e para impedir a amplificação de notícias falsas. A avaliação é do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Luís Roberto Barros, que participou neste sábado (26) do Fórum Esfera – evento da Esfera Brasil realizado no Guarujá (SP).

“A discussão sobre se devemos ou não regular as mídias sociais é superada. O que estamos discutindo é o quanto e como regular para não interferir com a liberdade de expressão”, afirmou o ministro – que participou do painel “Segurança Jurídica e a Constituição”. “Há um ponto de equilíbrio que o mundo inteiro está buscando – mas a regulação se torna imperativa.”

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Barroso destaca que, da mesma forma que a internet e as mídias sociais trouxeram muitos proveitos para o mundo atual, também há “riscos para a democracia”. “É preciso enfrentar esses riscos.”

Questionado se considera que o STF está envolvido no chamado “ativismo jurídico”, Barroso disse que o Supremo tem hoje protagonismo devido ao caráter abrangente da Constituição – e isso acaba levando à Corte suprema questões que em outros países se resolvem no âmbito da política ou de outras instâncias judiciais. “Quase tudo no Brasil chega ao Supremo, que muitas vezes não dá a última palavra, mas sim a primeira”, afirmou.

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De acordo com ele, o ativismo do STF é uma “lenda”: “As pessoas chamam de ativismo judicial as decisões de que não gostam. O hábito de dizer que é ativismo a aplicação da Constituição, muitas vezes, é de pessoas que, no fundo, não gostam da Constituição.”

O ministro do STJ (Superior Tribunal de Justiça) Luis Felipe Salomão, que participou do painel, disse que o século 21 é o “século do Judiciário” – ideia que se fortaleceu depois da 2ª Guerra Mundial (1939-1945). “O Judiciário ficou em voga porque é o lugar simbólico da democracia. Ele é o garantidor das promessas que as Constituições modernas estabeleceram”, afirmou.

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Para o advogado e membro da equipe de transição de governo Cristiano Zanin, segurança jurídica tem por características fundamentais a estabilidade e a previsibilidade – elementos que ficaram de fora da Operação Lava Jato. “Tivemos conduções coercitivas ilegais, prisões ilegais, afronta a prerrogativas profissionais. A experiência que vivemos tem de servir de base para que não tenhamos mais situações como essa”, afirmou.

Ele afirmou ainda que o caso do hoje presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, que ficou preso por 580 dias – e que, por isso, acabou impedido de participar das eleições presidenciais de 2018, exemplifica as injustiças que sofreu. “Isso mostra que ninguém pode agir fora das leis porque isso prejudica o cidadão, os investimentos e todas as atividades, que precisam de um ambiente jurídico previsível e estável.”

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O criminalista Pierpaolo Bottini (que também é membro da equipe de transição), por sua vez, chamou a operação de “anormalidade”. “Foi uma aplicação autoritária do direito penal que foi encampado por setores da mídia, tribunais e fez com que arbitrariedades tivessem um efeito devastador sobre os mundos político, econômico e empresarial”, disse.

“É fundamental que se combata a corrupção – mas isso não pode se dar com ilegalidades. O mundo empresarial foi absolutamente devastado. Para voltar à segurança jurídica, precisamos voltar ao respeito à lei. Por melhor que seja a intenção, permitir ao estado que descumpra a lei é muito perigoso, porque leva ao arbítrio.

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Barros disse que tão importante quanto a segurança jurídica, no Brasil é preciso voltar a alguns “pressupostos civilizatórios”: “Quem pensa diferente de mim não é meu inimigo, alguém a quem eu precise desqualificar. É preciso voltar a conversar, a pôr ideias na mesa sem ofender. Mentir precisa voltar a ser errado. As pessoas têm o direito a ter as opiniões que quiserem, mas não o de criar falsas narrativas nem inventar falsidades sobre pessoas das quais discordem.”

Na questão da segurança jurídica, ele disse que duas áreas ainda estão abertas à insegurança jurídica: tributária e trabalhista. “Temos o mais complexo sistema tributário do mundo, e o custo da relação trabalhista no Brasil só se fica sabendo depois que ela acaba – porque a litigiosidade trabalhista no Brasil é espantosa.”

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