Autor de projeto que criminaliza apologia à ditadura vai convocar Alvim para a Comissão de Direitos Humanos
“Ou Jair Bolsonaro demite Roberto Alvim ou assume também escancaradamente sua face nazista", cobra o deputado Márcio Jerry (PCdoB-MA)
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Por Nathália Bignon, para o 247 - Se permanecer no cargo depois do tsunami de críticas provocado por seu pronunciamento recheado de apologia ao nazismo, o atual secretário de cultura do Governo Bolsonaro, Roberto Alvim, não deverá ter paz.
Nesta sexta-feira (17), o vice-líder do PCdoB, deputado federal Márcio Jerry, afirmou que pedirá a convocação do secretário para que ele preste esclarecimentos na Câmara dos Deputados.Jerry, que é membro da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Casa, é autor de um projeto de lei que criminaliza a apologia ao retorno da ditadura militar, tortura ou a pregação de rupturas institucionais.
Apresentado em março de 2019, às vésperas das festividades convocadas por Jair Bolsonaro para o aniversário de 55 anos do golpe militar, a proposição segue à espera do parecer do relator na Casa, deputado Túlio Gadelha (PDT-PE).
“Ou Jair Bolsonaro demite Roberto Alvim ou assume também escancaradamente sua face nazista. Em seu discurso, o secretário escancarou a propaganda nazista, citando e imitando Goebbels, o auxiliar de Hitler, o que é uma afronta a judeus e a todos os democratas. Um acinte que não pode passar impunemente. Silenciar diante da monstruosidade desse secretario é ser cúmplice dele. Vamos convoca-lo para prestar esclarecimentos tão logo retomemos os trabalhos. Deve explicações ao Brasil!
Veiculado na noite da última quinta-feira, Alvim citou trechos de uma fala do ministro da Propaganda de Hitler, Joseph Goebbels, ao anunciar a liberação de R$ 20 milhões para o Prêmio Nacional das Artes. Em um trecho do discurso, ambientado com as mesmas características do vídeo nazista, incluindo uma ópera de Richard Wagner, decisiva na vida de Hitler, ele cita que “a arte brasileira da próxima década será heroica e será nacional, será dotada de grande capacidade de envolvimento emocional, e será igualmente imperativa, posto que profundamente vinculada às aspirações urgentes do nosso povo – ou então não será nada”.
No discurso proferido em 8 de maio de 1933, no hotel Kaiserhof, em Berlim, o ministro de Adolf Hitler dizia: “a arte alemã da próxima década será heroica, será ferreamente romântica, será objetiva e livre de sentimentalismo, será nacional com grande páthos e igualmente imperativa e vinculante, ou então não será nada."
O discurso de Alvim levou a uma enorme onda de críticas na web, fazendo a hashtag Goebbels ser uma das mais citadas no Twitter. Nesta manhã, o secretário usou suas redes sociais para se eximir de qualquer responsabilidade. Em um texto publicado no Twitter, ele afirmou que houve uma “coincidência retórica” e culpou a esquerda brasileira por produzir uma falácia quanto ao seu discurso.
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