Amorim defende Argentina nos Brics e não descarta voltar ao Itamaraty se Lula vencer

Amorim afirmou que o mundo está mais complexo do que quando Lula passou pela primeira vez pelo Planalto

Ex-chanceler Celso Amorim dá entrevista à Reuters em São Paulo 18/10/2022
Ex-chanceler Celso Amorim dá entrevista à Reuters em São Paulo 18/10/2022 (Foto: REUTERS/Carla Carniel)


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SÃO PAULO (Reuters) - Principal assessor de política externa do candidato à Presidência Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Celso Amorim disse à Reuters que apoia a inclusão da Argentina nos Brics e defendeu que o grupo de países emergentes, que inclui a Rússia, possa ser um fórum para negociar a paz na Ucrânia.

    Ministro das Relações Exteriores nos governos Lula (2003-2010), Amorim participou da fundação dos Brics junto com Rússia, Índia e China. A África do Sul aderiu ao bloco em 2011. Agora, a Argentina pleiteia formalmente ser o sexto membro.

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"É bom ter um equilíbrio também dentro dos Brics, ter um papel acrescido para a América Latina", disse Amorim em entrevista, apontando que a relação com os argentinos é a mais "fundamental" para a diplomacia brasileira. "A eventual inclusão da Argentina seria positiva."

O diplomata contou que discute com o ex-presidente petista regularmente questões de política externa, mas frisou que um eventual papel seu num futuro governo ainda não entrou na pauta.

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Lula lidera a corrida pela Presidência, mas a vantagem em relação ao presidente Jair Bolsonaro (PL) vem se encurtando e está em torno de 4 pontos percentuais.

"É botar a carroça na frente dos bois", afirmou Amorim, sobre discussão de cargos. Não descartou, porém, aceitar ser de novo chefe do Itamaraty, em caso de vitória: "Não tenho nenhuma ambição em relação a isso, mas não posso recusar uma convocação do presidente Lula".

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"Tem que ver o que é melhor para o Brasil. E aí tem que ser levado em conta muitos fatores. Eu acho que a idade pode, para alguns, trazer sabedoria, mas a juventude tem energia", ponderou o diplomata de 80 anos, 60 de carreira.

MUNDO MAIS COMPLEXO

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Amorim afirmou que o mundo está mais complexo do que quando Lula passou pela primeira vez pelo Planalto. Lembrou igualmente que os Brics têm um peso distinto do que quando o grupo foi criado: a China é agora uma superpotência econômica consolidada e o bloco tem duas das três superpotências nucleares, disse, citando a Rússia.

Sobre a guerra na Ucrânia, o ex-chanceler disse que a Rússia deve ser condenada pela invasão, mas defendeu uma negociação para que o conflito não se arraste. Neste contexto, disse que Lula, se eleito, poderia contribuir para negociações de paz.

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"Ele tem condições de participar de um esforço de negociação, que precisa ser liderado pela União Europeia e pelos Estados Unidos, mas com a participação da China, obviamente. E aí o Brasil pode ser também um país importante, cuja voz é ouvida no mundo em desenvolvimento", disse Amorim. "Os Brics como organização podem ajudar."

    O ex-chanceler também disse que Lula, se vencer, transformará o Brasil em um protagonista nas negociações climáticas globais, convocando uma cúpula da Amazônia com participação de países da América do Sul e nações desenvolvidas interessadas na preservação --ele citou a França-- no primeiro semestre de 2023.

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    Em um terceiro mandato, o petista também se empenhará para que o Congresso brasileiro aprove a entrada da Bolívia no Mercosul, contou Amorim.

Um eventual futuro governo também abriria a porta para o Brasil reencontrar diplomaticamente com a vizinha Venezuela, comentou o ex-chanceler, criticando que a linha dura adotada por Jair Bolsonaro e pelo ex-presidente dos EUA Donald Trump não ajudou na situação venezuelana.

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    Questionado sobre relatos de violações de direitos humanos na Venezuela e Nicarágua, governos de esquerda com ligações histórica com o PT, Amorim disse: "O que nós pudermos fazer a favor da democracia de maneira respeitosa, não intervencionista, não arrogante, nós faremos", disse o diplomata.

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