Amigo de Cabral, Cavendish também levou, sem licitação, a medição de água no Rio

Empreiteiro da Delta Engenharia, que transportou governador do Rio a hotel de luxo na Bahia,faturou R$ 377 milhes em contratos com a Cedae; todos foram renovados sem concorrncia



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247 - Quando decidir, enfim, falar sobre suas relações com grandes grupos empresariais, Sergio Cabral, governador do Rio de Janeiro, terá muita coisa a explicar. Especialmente, sobre suas relações com Fernando Cavendish, o "Rei do Rio" e dono da Delta Engenharia. Uma das campeãs em obras no estado, a empreiteira assumiu quase 80% do sistema de medição de consumo de água da Cedae, segundo revela o jornal O Globo desta quarta-feira. Os novos hidrômetros renderam até hoje pelo menos R$ 377 milhões em contratos para o consórcio Novoperação, formado pela Delta e pela Emissão Engenharia e Construções.

Após seis anos estendendo o contrato com termos aditivos - prazo máximo permitido por lei -, o estado contratou, a partir de maio do ano passado, sem concorrência e sob a alegação de emergência, o mesmo grupo por mais um ano. Somente sem licitação foram R$ 49,8 milhões do total de R$ 377 milhões. Os serviços incluem a instalação e a leitura de hidrômetros.

A alegação da Cedae para a contratação dos consórcios sem licitação por um ano foi que o TCE pediu para analisar o texto do edital, o que só foi concluído em maio deste ano. Segundo a companhia, o serviço não poderia ser interrompido. O TCE confirmou que pediu mudanças no edital, mas informou que ainda está analisando se as dispensas de licitação foram regulares. Atualmente, há uma concorrência em andamento.

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Leia, abaixo, outros detalhes da relação perigosa entre Sergio Cabral e Fernando Cavendish, revelados pelo 247:

Brasil 247 _ A tragédia resultante da queda do helicóptero da empreiteira Delta Engenharia, na região de Porto Seguro, na Bahia, na sexta 17, esconde um mistério político e, talvez, um escândalo administrativo. Soube-se ontem, por Brasil 247, em primeira mão, que o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, esteve na Bahia em companhia do empresário Fernando Cavendish, dono da Delta e senhor de obras que somam mais de R$ 1 bilhão no Estado, como, por exemplo, a reforma do Maracanã. Num primeiro momento, Cabral, que após a queda do helicóptero tirou licença do trabalho, negou sua presença no local dos acontecimentos que resultaram em sete mortes (seis corpos já encontrados e um ainda desaparecido). Ele mentiu.

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Agora, surgem mais detalhes do caso. Cabral viajou para Porto Seguro no jatinho do empresário Eike Batista, o homem mais rico do Brasil, em companhia de seu filho Marco Antonio e de Fernando Cavendish, o empreiteiro que, recentemente, ele negou que conhecesse pessoalmente. O voo aconteceu para que todos comemorassem, na Bahia, o aniversário de Cavendish. Ao chegarem a Porto Seguro, os ocupantes do jatinho se dividiram para tomar o helicóptero de propriedade da Delta Engenharia para chegar ao resort em que haveria a festa. Subiram no primeiro voo, que terminou em queda, a namorada de Marco Antonio, Mariana Noleto, a mulher e a cunhada de Cavendish, Jordana e Fernanda Kfuri, um enteado, um sobrinho e a babá dos dois. Ontem foi encontrado o corpo do piloto Marcelo de Almeida, cuja habilitação estava vencida desde 2005.

Finalmente, depois de negar sua presença no encontro, a assessoria de Sergio Cabral admitiu ontem que o governador voou para Porto Seguro com Cavendish e o grupo, como noticiou Brasil 247. Ele tirou licença do governo até o próximo dia 26. O caso revela a intimidade do governador com o principal empreiteiro com obras no Estado e está nas primeiras páginas, hoje, da imprensa do Rio de Janeiro. Parlamentares que já se pronunciaram querem a apuração minuciosa do relacionamento de Cabral com o empreiteiro Cavendish, cujos contratos com o governo do Rio superam a casa do R$ 1 bilhão.

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Abaixo, o noticiário publicado ontem por 247:

Há que se respeitar a dor das vítimas da tragédia aérea na Bahia, mas o acidente com o helicóptero Esquilo revelou uma relação próxima demais – e também perigosa – entre o governador do Rio de Janeiro, Sergio Cabral, e o empreiteiro Fernando Cavendish, dono da Delta Engenharia. Cavendish é o proprietário do helicóptero Esquilo que caiu na em Trancoso, na última sexta-feira. Sua família, assim como a do governador Cabral, estava hospedada no Jacumã Resort, no litoral baiano. O próprio Cabral chegou a voar no helicóptero, que era conduzido por um piloto sem licença, antes da queda. As relações entre as famílias são tão próximas que, em Trancoso, também estavam o filho de Cabral, Marco Antônio, que perdeu a namorada Mariana Noleto, e a esposa de Cavendish, Jordana Kfuri, ainda desaparecida.

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A Delta é uma das empresas com mais contratos no Rio de Janeiro. Ela faz parte, por exemplo, do consórcio que irá reformar o estádio do Maracanã, cujo orçamento saltou de R$ 459 milhões para R$ 1 bilhão. Recentemente, Cavendish foi também citado numa reportagem com o seu ex-sócio Romênio Marcelino Machado, que foi perguntado sobre a participação da Delta nas obras do Maracanã. “A Delta está no consórcio que venceu a licitação. A obra mal começou e já teve o preço elevado para mais de R$ 1 bilhão. Isso é uma vergonha. E quem veio a público fazer a defesa da obra? O governador Sérgio Cabral. O Cavendish é amigo íntimo do Sérgio Cabral. Isso é uma vergonha”, disse Romênio. A Delta Engenharia também participa de outra grande obra no Rio de Janeiro, uma das principais do Estado, que é a construção do complexo petroquímico de Itaboraí, em parceria com a Petrobras.

Neste ano, a Delta foi também a empreiteira que recebeu a maior fatia das verbas já liberadas do PAC: R$ 254,6 milhões, até agora. A assessoria do governo do Rio informou que Sergio Cabral só chegou a Porto Seguro depois do acidente, para prestar solidariedade às vítimas. Mas o prefeito de Porto Seguro, Gilberto Abade, declarou que esteve com Cabral na manhã de sexta-feira, antes do acidente, e afirmou que o governador do Rio estava a passeio na Bahia. Consta ainda que as famílias de Cabral e Cavendish almoçaram juntas, na sexta-feira, no Villa Vignogle Terravista Resort. E que depois disso todos passaram a ser transportados, em pequenos grupos, de helicóptero ao Jacumã Ocean Resort. Cabral tomou o primeiro voo. As vítimas entraram no segundo.

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