“Alckmin cerca e aniquila quem tem voto no PSDB"

Em entrevista exclusiva ao Brasil 247, o tucano campeo de votos Walter Feldman ataca o governador: "Geraldo vai acabar com o partido"; fundador do PSDB, ele anunciou sua desfiliao da legenda: "estou chorando"



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247_ Marco Damiani - Essa doeu. A saída anunciada do PSDB de São Paulo do ex-deputado Walter Feldman, feita nesta segunda-feira 25, elevou para um novo patamar o racha entre os tucanos. Agora, definitivamente, a crise na legenda saiu dos bastidores para atingir o plano das ruas, em razão de Waltinho, como é conhecido, já ter sido eleito como deputado estadual e federal tucano mais votado da capital, em 2002 e 2006, e ser um dos que mais circulam pela periferia da cidade. “Estou chorando”, disse ele em entrevista exclusiva ao Brasil 247. “O PSDB faz parte da minha história, mas não esse PSDB do Geraldo, que cerca e aniquila quem tem voto e coragem de manifestar suas próprias posições”. Para Feldman, o governador está conduzindo o partido de maneira errada. “Alckmin vai acabar com o PSDB de São Paulo”. "Somente o Fernando Henrique está dando uma contribuição intelectual para as devidas reflexões dentro do partido, mas ninguém está colaborando com ele". E Serra? "Ele está muito preocupado com a situação de abandono a que foram relegados os vereadores do partido", respondeu.

Na semana passada, seis vereadores tucanos deixaram a agremiação, mas poucos são os eleitores que sabem citar o nome de, ao menos, um deles. Com Feldman é diferente. Fundador do partido, quadro político e administrativo sempre à mão dos líderes da agremiação – foi chefe da Casa Civil no governo Mario Covas, presidente da Assembléia Legislativa, secretário de Subprefeituras na gestão municipal de José Serra e é o atual secretário de Esportes do município --, ele se elegeu como deputado federal mais votado do PSDB em 2006. Ano passado, não conseguiu se reeleger, mas, ainda assim, foi o segundo mais votado da legenda na capital. Entre os políticos tucanos, Feldman é um dos que mais se movimenta, mantendo-se em permanente nestado de visitação à periferia a partir do cargos de secretário das Subprefeituras e, desde 2007, como secretário municipal de Esportes. Aliado do prefeito Gilberto Kassab, ele deverá manter seu cargo na administração municipal.

“Na última eleição, fui tratado como inimigo, boicotado em tudo o que dependia da direção partidária controlada por Alckmin”, desabafou Feldman ao 247. “Fui praticamente empurrado para fora da legenda”. Em 2008, Feldman se posicionou contra a intenção de Alckmin de concorrer ao cargo de prefeito da capital, tendo ficado ao lado do prefeito Gilberto Kassab, de quem continua secretário de Esportes. “Eu tive coragem de me expor e descer do mundo da hipocrisia, mas o que era para servir de lição para todos, pelos nossos erros comuns, virou pretexto para eu ser tratado como inimigo dentro do partido que eu mesmo fundei”. A mágoa foi mais longe. “O meu PSDB não pode ser o mesmo de um governo que tem em [Gabriel] Chalita e Saulo [de Castro Abreu Filho] os dois maiores conselheiros do governador. Como pode, depois de tudo o que fez, o Saulo ter esse destaque todo no governo (ex-secretário de Segurança é, atualmente, secretário de Transportes)? E o Chalita? O PSDB nasceu para mudar a educação, e não para acabar com a educação, como ele fez em São Paulo”, ironizou.

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Feldman informou que consultou vários correligionários, em uma grande reunião política, na semana passada, antes de decidir sair. “As minhas bases pediram para eu deixar o PSDB”, acrescentou. “Meu grupo agora é o do vereadores que foram, na prática, tirados para fora do partido, sem espaço na direção municipal, o que é um absurdo, se você olhar quem ficou no lugar”.

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