As lições que a pandemia deixou sobre o ensino a distância no Brasil

(Foto: Unsplash)


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O Ensino a Distância sempre foi um tema muito polêmico, com ferrenhos defensores das facilidades que o formato pode trazer em debate com os que temem pela precarização do ensino mediado pelas tecnologias digitais e pela exclusão que tal método pode provocar. Mas, com a pandemia de covid-19, não teve jeito: a fórmula da EAD teve que ser obrigatoriamente adotada em boa parte das instituições de ensino no Brasil.

A maioria dos problemas relacionados ao EAD passa pelos métodos do formato. Para entendê-los, é necessário fixar as diferenças entre o ensino a distância e o ensino remoto. No ensino remoto, as atividades seguem os mesmos padrões das salas de aula tradicionais, apenas com a mediação digital. Por isso, as atividades são síncronas (realizadas em tempo real), trazendo uma maior possibilidade de interação que auxilia no aprendizado. Já o EAD tem um modelo definido pelas atividades assíncronas, com aulas gravadas previamente e disponibilizadas aos estudantes.

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Cada modelo tem seus próprios desafios. Enquanto o EAD permite uma maior flexibilidade de horário, sendo adequado para aqueles que trabalham em grandes jornadas e não têm possibilidade de acompanhar as aulas em um momento definido, ele também facilita processos nefastos de precarização do ensino, principalmente através da desvalorização do trabalho do professor. O profissional prepara e grava uma aula que pode ser disponibilizada por anos a milhares de alunos, sem nenhuma atualização ou pagamento adicional. Além disso, a interação entre os estudantes e os educadores é praticamente eliminada, se restringindo, em alguns casos, à utilização de fóruns virtuais.

Já o ensino remoto, pela menor flexibilidade de horário e formato, pode escancarar as desigualdades sociais no que tange o acesso à internet e aos dispositivos que a ela se conectam. Essa lição ficou bem explícita durante a pandemia. Mas, se o acesso for justo e democrático, o modelo do ensino remoto tende a ser muito mais proveitoso, já que a experiência de aprendizado é mais completa.

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Por isso, uma das lições da pandemia é que os dois modelos podem caminhar juntos. O público alvo de cada formato já é bem diferente. O EAD é mais utilizado em situações pontuais, como a preparação para o mercado de trabalho. Segundo o portal MetaLecture, os cursos online mais procurados atualmente estão relacionados às consideradas “profissões do futuro”, como as que envolvem ciência de dados e marketing digital. Já o ensino remoto se adequa aos casos em que também há a necessidade de uma formação mais ampla e cidadã, o que ocorre nas escolas e nas universidades.

Mas, para que a implementação dos sistemas seja feita de forma benéfica e sem aumentar as exclusões e desigualdades, alguns fatores precisam ser revistos. A principal delas diz respeito à facilidade de acesso às tecnologias de informação. A outra se relaciona com a valorização dos profissionais envolvidos, com menos automatização dos processos ligados ao ensino. Para isso, o ideal é que haja uma regulação que garanta que as instituições de ensino que apostam no EAD prezem pela educação, e não apenas pelo lucro desenfreado.

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