Advogados experimentam relações de trabalho mais justas
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Enquanto grandes bancas de advocacia corporativas sofrem denúncias e exposição pela superexploração de advogados e estagiários, pequenos e médios escritórios buscam relações de trabalho mais justas e rentáveis.
Dois mundos completamente diferentes em uma profissão.
De um lado, os grandes escritórios corporativos de massa localizados principalmente em São Paulo mas também em outras capitais e grandes cidades impõe a mercantilização da mão de obra jurídica, negando direitos trabalhistas básicos e superexplorando estagiários, jovens advogados e advogados experientes.
De outro lado, pequenos e médios escritórios em busca de construir novas realidades de trabalho, com uma gestão democrática e participativa, direcionada pela autogestão dos seus colaboradores e sócios.
Nos últimos anos o movimento pela Nova Advocacia vem ganhando adeptos e se firmando como uma nova forma de trabalho no meio jurídico, completamente diferente.
A relação hierárquica de comando e controle vem sendo substituída por modelos organizacionais de parceria, advocacia solidária e em rede, com respeito tanto a novos profissionais como aos antigos, cada um valorizado por suas habilidades.
Mas parece que essa nova cultura sofre resistência pelos impérios jurídicos tradicionais.
A Nova Advocacia: duas vertentes
A nova advocacia é um movimento espontâneo no Brasil e no mundo, que vem impulsionado pela geração millennial que representa mais de 40% dos advogados brasileiros hoje.
A vertente mais conceitual e acadêmica é a da advocacia integrativa e progressista, herdeira do movimento do Direito Alternativo dos anos 2000, do Direito Garantista e outros movimentos de revisão do Direito.
O podcast Salvo Melhor Juízo tem representado muito bem esse segmento, assim como advogados como Silvio Almeida, Aury Lopes Júnior, Cristiano Zanin, Jane Berwanger, Rafael Valim, Adilson Moreira, entre outros. A atuação com organizações sociais, sindicatos e outras instituições é mais forte.
A outra vertente potente é a do empreendedorismo jurídico que vem ganhando cada vez mais força, incentivando a iniciativa de advogados em criarem seu próprio escritório e se organizarem como uma gestão eficiente.
Nessa vertente encontram-se grandes influenciadores digitais como Euro Júnior, Fernando Ricciardi, Marcelo Safe, Valéria Guimarães, Vanessa Paiva, Jéssica Matias, Eliane Oliveira entre outros.
Apesar de aparentemente as duas vertentes serem muito diferentes, ambas buscam uma mudança nas relações de trabalho da advocacia e na forma de atender os clientes.
Experimentos de relações de trabalho mais justas
Os escritórios de advocacia têm desenvolvido experiências para implementar relações de trabalho mais equilibradas.
É inegável que muitos advogados saem da faculdade com muito pouca experiência e sem conhecimento prático, o que contrasta muito na geração de valor de um escritório. Os advogados experientes precisam investir seu tempo para ensinar, o que gera custos pessoais e financeiros.
Porém, formatos de sociedades que estabeleçam contratos de longo prazo prevendo o aumento gradual com avaliações de conhecimento e desempenho tem sido a solução para esta equação.
Uma das possíveis soluções para o problema é usar os chamados “sistema de pontuação por tarefas”.
Esses sistemas permitiriam que os advogados sejam recompensados pelo número e pela complexidade das tarefas que realizassem, ao invés de apenas pelo tempo que passam no escritório.
O incentivo a alta produtividade e evitar a sobrecarga de trabalho concentrada nos mais experientes, com uma distribuição de tarefas mais equilibrada.
Além disso, um sistema de pontuação por tarefas permite a medição do trabalho em home office tanto quanto no presencial, viabilizando essa demanda muito atual, além de evitar jornadas de trabalho extensas e ser um freio para a super exploração.
A pontuação pelo binômio tempo x complexidade, calculada de acordo com o tempo gasto na tarefa, o nível de complexidade do trabalho intelectual seguindo o modelo da taxonomia de Bloom (classificação comum na pedagogia). Quanto maior a pontuação, é porque mais energia mental é investida nela.
O sistema de pontuação por tarefas pode ser a solução para a super exploração em escritórios de advocacia. Ele contribui para o bem-estar dos profissionais e aumenta a produtividade.
Esses sistemas permitem que os advogados sejam mais produtivos, pois eles têm um incentivo para executar as tarefas mais importantes e complexas. Além disso, os advogados ficam menos estressados, pois sabem que serão recompensados pelo seu trabalho duro.
Atualmente, mais de 1100 escritórios de advocacia no Brasil já adotaram a metodologia e têm crescido rapidamente, compartilhando a prosperidade do escritório com o aumento da remuneração dos novos advogados com implantação da gratificação por produtividade.
Gestão jurídica focada na alta produtividade e bem-estar dos profissionais
Dentro do movimento de legaltechs existem empresas como a ADVBOX que oferecem tecnologia e educação para gestores melhorarem as condições de trabalho e experimentarem relações de trabalho mais justas.
A plataforma oferece uma interface intuitiva com a metodologia da pontuação por tarefas integradas, e auxilia os usuários na criação, execução e acompanhamento das atividades desempenhadas pelos profissionais da área jurídica.
Além de contribuir para aumentar a produtividade dos profissionais, o sistema de pontuação por tarefas também garante o bem-estar dos advogados, pois oferece um ambiente virtual propício para o trabalho colaborativo.
Segundo o fundador da empresa, Eduardo Koetz, que também é advogado e utiliza o sistema em seu escritório, a pontuação por tarefas traz uma mudança radical nas relações laborais.
“É possível retribuir a cada um segundo seu trabalho, evitando ou reduzindo tanto a exploração do trabalho pelo patrão quanto a exploração do trabalhador pelo trabalhador, que também é muito comum em escritórios”.
De fato não se trata de um sistema meritocrático pois não incentiva a competitividade tóxica, mas retira a glorificação de lideranças da equipe e valoriza o trabalho de cada um, desde o mais experiente ao mais novato, apontando o percentual de participação de cada membro da equipe no resultado coletivo no final de cada mês.
A super exploração precisa ser combatida
A exploração trabalhista nos escritórios de advocacia é um problema grave que não só afeta a qualidade do trabalho dos advogados afetados, mas prejudica a saúde.
Muitos advogados sofrem de estresse, ansiedade e até burn out decorrentes da sua sobrecarga de trabalho, funcionários e estagiários também sofrem.
Com aumento da concorrência, grandes escritórios tradicionais aceitam contenciosos de massa por honorários extremamente baixos, muitos escritórios de advocacia acabam buscando estagiários/aprendizes para preencher seus quadros.
No entanto, essa relação nem sempre é regulamentada e, por vezes, acaba sendo abusiva. Ao mesmo tempo que espreme o salário de novos advogados abaixo do salário mínimo.
Isso impacta diretamente na renda dos outros advogados que estão no mercado, pois tenciona o valor dos honorários pagos às bancas pelas grandes empresas e configura a concorrência desleal por dumping social (retirada de direitos).
O MPT tem investido contra esta prática e recentemente surgiu um perfil no instagram @escritoriosexpostos que vem denunciando práticas abusivas de não pagamento de horas extras, direitos trabalhistas e da desconfiguração da condição de sócio para o não pagamento de direitos sociais.
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