Por: Luis Pellegrini
Zeugma, às margens do rio Eufrates, revela a enorme influência da arquitetura, da estética e da mitologia gregas na cultura romana, que dominava a região na época em que os mosaicos foram produzidos, por volta do Século 1 depois de Cristo. A antiga cidade de Zeugma, também conhecida como Seleukia-do-Eufrates foi fundada em 300 a.C. por Seleuco – um dos generais de Alexandre, o Grande – que nomeou a cidade em homenagem a si próprio. Em 64 aC a cidade foi conquistada pelo Império Romano e teve o seu nome mudado para Zeugma.
Junto à alegria e a admiração despertadas pela grande descoberta, ela também fez com que os arqueólogos fossem tomados por uma grande angústia. Os mosaicos encontram-se a aproximadamente 500 metros do leito do rio e, com a construção da barragem, toda aquela imensa área seria completamente alagada pelas águas do Eufrates, cujo nível, como estava previsto, subiria cerca de 10 centímetros por dia por um período de 6 meses, até que a represa estivesse cheia. Havia total urgência para salvar tudo aquilo que fosse possível, e os trabalhos dos arqueólogos começaram quase que imediatamente.
Uma equipe internacional de arqueólogos liderada pelo professor Kutalmis Gorkay, da Universidade de Ancara, passou a atuar nas escavações nas encostas que ladeiam o rio. E, a cada dia, mais aumentava o estupor: grupos de mosaicos, em ótimo estado de conservação, surgiam em toda a parte, já que naqueles tempos eram utilizados como revestimento de luxo do piso de casas de representantes da elite local, muito provavelmente patrícios romanos (proprietários de terras, comerciantes e proprietários de escravos) que controlavam as magistraturas da política romana em suas colônias.
As escavações descobriram casas, edifícios públicos e praças de mercado, todas decoradas com maravilhosos mosaicos. Foi decidida então a construção de um museu para abrigar, preservar e exibir as peças encontradas. Assim, em 9 de setembro de 2011 foi aberto ao público o Museu de Mosaicos de Zeugma. O museu possui mais de 8 mil metros quadrados com várias salas de exposição e de conferências entre outras instalações. Suas dimensões e a riqueza da coleção que ele abriga superaram as do Museu Nacional Bardo, em Tunis, até então considerado o maior museu de mosaicos do mundo.
Realizados há dois mil anos e ainda quase intactos, os mosaicos de Zeugma continuam sendo descobertos pelos arqueólogos.
Mosaicos muito ricos, como o da foto, decoravam as casas dos moradores mais abastados de Zeugma. A maior parte das figuras retratadas são de deuses e heróis da mitologia greco-romana.
“Esses mosaicos eram produzidos pela imaginação dos donos da casa. Eles não eram simplesmente retirados de um catálogo de amostras”, explica o arqueólogo chefe professor Kutalmis Gorkay.
Cada conjunto de mosaicos era pensado para passar um recado específico ao observador. Por exemplo, se o dono da casa fosse um tipo intelectual, seus mosaicos seriam do tipo daqueles encontrados na Casa das Três Musas.
A comunidade internacional dos arqueólogos foi fortemente motivada a colaborar com as escavações quando soube que a área de Zeugma seria inundada pela construção de uma represa.
Parte de mosaico após trabalho de restauro no museu de Zeugma.
Os gregos deram à cidade o nome de Seleucia, quando ela foi fundada no século 3 antes a. C.
O Império Romano conquistou a cidade em 64 d.C., mudando o seu nome para Zeugma (que significa “ponte” ou “travessia” em grego).
Os romanos dominaram a cidade até o ano 253 d. C., quando ela foi tomada pelos persas da dinastia dos sassânidas.
Detalhe de mosaico guardado no museu de Zeugma.
Esta é uma representação de Tália, a musa grega da poesia.
Vídeo 1: O Museu de Mosaicos de Zeugma. Ver de preferência em tela cheia
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