Vida em Marte. Busca deverá começar na cratera Argyre

Uma antiga e profunda cratera na superfície de Marte foi escolhida como o melhor lugar para se buscar a presença – atual ou passada – de vida no planeta. Cratera de impacto, Argyre apresenta as melhores condições para sustentar, ou ter sustentado, formas de vida.

Uma antiga e profunda cratera na superfície de Marte foi escolhida como o melhor lugar para se buscar a presença – atual ou passada – de vida no planeta. Cratera de impacto, Argyre apresenta as melhores condições para sustentar, ou ter sustentado, formas de vida.
Uma antiga e profunda cratera na superfície de Marte foi escolhida como o melhor lugar para se buscar a presença – atual ou passada – de vida no planeta. Cratera de impacto, Argyre apresenta as melhores condições para sustentar, ou ter sustentado, formas de vida. (Foto: Luis Pellegrini)


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A cratera Hale, situada na área da Bacia Argyre, é forte candidata à possibilidade de vida em Marte.

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Por: Equipe Oásis

 

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Onde descerá, em Marte, a sonda que mandaremos ao Planeta Vermelho com o objetivo de investigar traços de vida, presentes ou passados? A questão é complicada: com a atual tecnologia, os rovers que já mandamos para lá conseguem caminhar apenas alguns poucos meros por dia; sondam portanto algumas centenas de metros ao ano e não são previstos para superar obstáculos e impedimentos importantes, tanto do terreno quanto do clima em um lugar tão distante e inóspito.

 

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Foto por sonda espacial mostrado a Bacia Argyre vista do alto.

 

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 É fácil estabelecer uma analogia: o que pensaria uma civilização extraterrestre que descesse sondas do tipo Opportunity ou Curiosity no deserto do Saara, potr exemplo, ou no meio da Antártica?

Além disso, uma vez identificado o lugar da aterrissagem prometedora para a busca da vida, conseguir alcançá-lo implica em importantes dificuldades. Para começar, é necessário calcular a posição de Marte com relação à Terra, com a trajetória de aproximação ao planeta, sem falar nos acidentes do terreno escolhido, a estação do ano, o clima, as tempestades de areia que assolam nosso planeta vizinho, etc.

 

 

Reconstrução morfológica da Bacia Argyre. Na parte central, o fundo dessa cratera pode chegar aos 5 mil metros em relação às planícies circundantes. 

 

Alguns progressos para responder à pergunta já foram feitos e acabam de ser anunciados, particularmente quanto aos lugares onde focalizar as atenções. Alguns pesquisadores afirmam ter individuado as áreas melhores para se buscar sinais de vida passada ou presente na superfície de Marte. Em primeiro lugar, citam a Bacia Argyre, na qual as sondas em órbita permanente ao redor de Marte detectaram uma grande riqueza de ingredientes considerados necessários para a evolução da vida.

 Argyre é um aposta forte

Como explica Alberto Fairén, da Cornell University, responsável pela pesquisa: “Argyre apresenta uma coleção de elementos de grande interesse astrobiológico. A região tem depósitos hidrotérmicos, pingos (montes cônicos que têm seu núcleo formado por gelo) e antigos depósitos glaciais”, detalhou o cientista em entrevista ao site Space.com.

Argyre também é um lugar interessante para se explorar porque não é tão extensa; tem cerca de 1.770 quilômetros. “Essa região tem uma configuração interessante e pode ser explorada em uma só missão. Argyre é uma aposta forte”, disse Fairén.

 

Cratera Hooke, sempre na Bacia Argyre.

 

Mas o que faz a Planície de Argyre, onde existem várias crateras de impacto, inclusive a própria cratera Argyre, tão especial? É preciso estudar um pouco a história de Marte para entender. Há cerca de quatro bilhões de anos, o planeta tinha um campo magnético forte, como o da Terra, que o protegia da radiação emitida pelo Sol. Além disso, acredita-se que água corria livremente por Marte. Estas duas condições já são um passo gigantesco para que um planeta seja habitável.

Gradualmente, a atmosfera de Marte foi sendo afetada por fortes e agressivos ventos solares, não suportados pelo campo magnético que protegia o planeta. O resultado do processo que durou bilhões de anos é hoje um deserto gelado e inabitável.

 

Antigo globo marciano mostra a posição da Bacia Argyre, descoberta no século 19.

 

Tudo numa única missão

A equipe que estudou a bacia da Planície de Argyre descobriu que a região é resultado do impacto de um meteoro ou de outro corpo celeste, que, provavelmente, engatilhou atividade hidrotérmica e pode ter fomentado a vida.

Todos esses elementos promissores presentes em Argyre podem ser alcançados durante uma única missão. No interior dessa cratera existem elementos que podem sustentar a vida. Além disso, o fato de ela ser muito profunda permite um melhor uso dos equipamentos de descida freada com paraquedas, já que mais fundo se desce mais espessa é a atmosfera que deverá ser atravessada. Isso permitirá o transporte de cargas mais pesadas daquelas que normalmente são consideradas para uso na superfície de Marte.

 

Nas décadas futuras, equipes de cientistas irão a Marte para pesquisar a existência de vida passada ou presente (Ilustração).

 

 O lugar, portanto, parece mesmo ideal, embora Argyre se encontre a 50 graus de latitude Sul, significando que durante o inverno marciano uma sonda dotada de painéis solares não conseguiria trabalhar. Será necessário um sistema nuclear para produzir energia, similar a aquela que está sendo utilizado na sonda Curiosity.

Detalhe importante: Os pesquisadores deverão prestar extrema atençãoo para não levar para Marte nenhum traço de vida terrestre. Isso poderia contaminar de modo irreversível todo o cenário do estudo.

 

 

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