Um novo patamar para a arte
Negcios na Art Stage Singapore primeiro mega-evento de arte de 2011 elevam preos de artistas contemporneos, ampliam globalizao da cena e reafirmam o talento do mecenas Lorenzo Rudolf
✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.
247, Fernanda Marques - A arte contemporânea abriu 2011 em franca expansão de preços. Foi o que vi em Cingapura, no coração financeiro e comercial da Ásia, durante a edição inaugural da Art Stage Singapore, espetacular ponto de encontro de 121 das principais galerias do mundo, baseadas em 21 países diferentes. Na menos que 32 mil pessoas, entre marchands, colecionadores e sinceros amantes da arte passaram por ali dos dias 12 a 16 de janeiro. Eles, é claro, encontraram muitos motivos para fazer negócios. A promessa de revenda e a ideia de que a arte contemporânea é um bom investimento trouxeram grande liquidez a este mercado, como já ficara comprovado, no ano passado, pelas grandes cifras alcançadas nas batidas de martelo das casas leiloeiras Christie´s e Sotheby´s. Agora, em Cingapura, o movimento de alta se acentuou. As compras de maior repercussão, que resultaram em elevar para um novo patamar os valores da arte contemporânea, se deram em torno de superstars internacionais como David LaChapelle, Takashi Murakami, Anish Kapoor e Chu teh-Chun.
Murakami, por sinal, passou a ser chamado, pós-Art Stage, de grande sensação pop. Seu tríptico Snow, Moon, Flower, um lindo e delicado acrílico, com 180 cm por 180 cm em cada tela, foi vendido por US$ 2,2 milhões. Diante do sucesso, e da proporcional polêmica que desperta, o artista demonstra uma postura bastante particular frente às velhas questões sobre arte e valor. “Um pouco de controvérsia é um bom sinal de que a minha arte é nova”, resume ele.
Os artistas presentes ao centro de convenções do Hotel Marina Sands aprovaram o formato do encontro, grandioso, porém filtrado. É o fotógrafo e multimídia americano LaChapelle que diz: “A feira foi ao mesmo tempo global em sua abrangência e intimista em sua atmosfera. Não intimidou como algumas feiras o fazem. Lembrou-me das primeiras edições do Sundance Film Festival”. Polido, ele completa: “Senti-me muito honrado por conhecer tão bons e verdadeiros artistas”.
O belo projeto arquitetônico do Hotel Marina Sands, sem dúvida, deu sua contribuição na quebra da frieza que costuma pairar sobre as mega-exposições de arte. Hoje cena de cartão-postal da ultramoderna Cingapura, o hotel com sua piscina com fundo infinito e extensão que supera os 100 metros, apoiada sobre três torres, parece flutuar sobre o horizonte e o ar úmido equatorial. A cidade-estado terá, em 2014, mais um motivo para ser visitada, a partir da inauguração do novo museu de arte moderna e contemporânea projetado pelo escritório francês Milou Architecture. Ao lembrar de minha primeira visita à coleção de Charles Saatchi, em Londres, na qual tive um contato mais próximo com a arte contemporânea asiática, especialmente a coreana, posso imaginar os tesouros que o novo museu terá condições de abrigar. Desde um bom tempo, afinal, Cingapura é, definitivamente, o hub do leste e sudeste asiáticos. Sua condição de deter um dos cinco maiores PIBs per capita do planeta indica que o florescimento cultural e artístico irá continuar a se desenvolver.
Grande mecenas das feiras de arte, Lorenzo Rudolf é o principal responsável pelo sucesso da Art Stage Singapore. Ele que rejuvesceu a Art Basel, na Suíça, e a lançou ao posto de feira de arte mais respeitada da atualidade, agora coloca suas lentes sobre os mercados emergentes. Sua clara intenção é promover um grande projeto de globalização da cena das artes plásticas. Com a palavra: “Os mercados de arte da Europa e dos Estados Unidos são abertos e integrados, enquanto o da Ásia se mantém fragmentado”. Para ele, “este mercado tem de ser aberto, o que só é possível por meio de feiras internacionais de arte de alto nível”. Ok, Mr. Rudolf, concordamos em gênero, número e grau – e avisamos que também queremos nossa dose da melhor arte contemporânea por aqui!
Fernanda Marques é arquiteta, titular do escritório Fernanda Marques Arquitetos Associados
Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:
Comentários
Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247