Trump versus Hillary. Um duelo sangrento

Donald Trump e Hillary Clinton: a partir de agora, são estas as opções praticamente certas das presidenciais dos EUA em novembro. O confronto entre ambos não se assemelhará a nada que conheçamos. E o milionário ainda pode contrariar os prognósticos.

Donald Trump e Hillary Clinton: a partir de agora, são estas as opções praticamente certas das presidenciais dos EUA em novembro. O confronto entre ambos não se assemelhará a nada que conheçamos. E o milionário ainda pode contrariar os prognósticos.
Donald Trump e Hillary Clinton: a partir de agora, são estas as opções praticamente certas das presidenciais dos EUA em novembro. O confronto entre ambos não se assemelhará a nada que conheçamos. E o milionário ainda pode contrariar os prognósticos. (Foto: Luis Pellegrini)


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Por: Edward Luce. Fonte: Jornal Financial Times, Londres

 

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A política norte-americana nunca mais vai ser a mesma. Há menos de onze meses, Donald Trump lançava a sua candidatura às presidenciais e todos desatámos a rir às gargalhadas. Hoje, Trump é o candidato do Partido Republicano.

Pela primeira vez na História moderna, um dos dois grandes partidos vai designar para o representar uma pessoa que se opõe abertamente à globalização e ao livre comércio. Na história da democracia, raras foram as vezes em que um partido com uma implantação sólida, o “Grand Old Party", como é chamado, inverteu a sua visão do mundo tão radicalmente - e com tamanha celeridade.

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As eleições presidenciais norte- americanas começaram de fato na noite de 3 de maio (após a vitória de Trump no estado de Indiana e o abandono do seu rival Ted Cruz). E o que está em jogo é nada menos que o lugar dos Estados Unidos no mundo. O combate entre Trump e Clinton vai deitar por terra muitos precedentes.

Candidato antissistema

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Esqueçam a fórmula “republicanos versus democratas". Agora, vai ser insurretos versus ordem estabelecida, ataques verbais em todas as direções versus politicamente correto, agitação versus manutenção do status quo e populismo nacionalista contra internacionalismo convencional. E, não menos importante, será uma partida entre um candidato que nunca foi eleito para qualquer cargo público e alguém que passou a vida a preparar-se para este momento.

 

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Donald Trump será o candidato do Partido Republicano nas próximas eleições para a presidência dos Estados Unidos. Ela irá presentear Hillary Clinton com um tipo de insultos que, até ele entrar em cena, eram tabu na política convencional dos Estados Unidos.

 

No planeta Terra, o desfecho estaria antecipadamente decidido. Trump insultou, um após outro, tantos grupos da população do país que acabou por atacar a maioria do eleitorado norte-americano - uma maioria esmagadora, se lhe acrescentarmos as mulheres. Além disso, nunca um candidato presidencial com índices de simpatia tão baixos como os de Trump esteve tão perto de ganhar umas eleições gerais. Mas também nunca nenhum obteve a nomeação pelo seu partido - e, nesse aspecto, Trump já deitou abaixo o bom senso tradicional. Se o milionário de Nova York conseguiu arrastar para a sua causa a maioria dos republicanos - e alterou consideravelmente a seu favor os números das sondagens - o que o impedirá de repetir a proeza num contexto (nacional) ainda mais amplo?

Não podemos confiar em nenhum dos padrões habituais. As regras da política dizem que um candidato só pode vencer as primárias do seu partido, se contar com o apoio de vários pesos pesados, um sólido avanço no terreno, uma máquina de angariação de fundos excecional e uma equipe de conselheiros experientes. A campanha de Trump foi bem sucedida sem nenhum destes requisitos. Agora, vamos ver com que rapidez ele irá reuni-los.

Quem vira a casaca?

Esqueçam a campanha #NeverTrump (“Trump Nunca”), que teve o apoio de tantas figuras de proa do aparelho republicano. Os profissionais (da política) sabem apanhar o bonde em movimento quando este parece prometedor. Já há indícios de que o slogan inicial poderá ser substituído por um: HelloDonald!

Esqueçam igualmente o fantasma dos motins nas ruas de Cleveland (onde se realizará, em julho, a Convenção Republicana). A perspectiva de uma convenção disputada (entre vários candidatos sem maioria absoluta) morreu a 3 de maio, em Indiana. Será, isso sim, a coroação de Donald Trump. Agora, todos os olhos passarão a estar postos nos pontos fracos dos dois presumíveis candidatos finais às presidenciais.

O grande senão de Hillary Clinton é a pouca confiança que inspira: muitos norte-americanos não afiançam a sua integridade. Alguns conselheiros da sua campanha têm sugerido que Hillary faça um discurso que aborde abertamente a questão do déficit de confiança - tal como fizeram John F. Kennedy, que, em 1960, falou explicitamente do seu catolicismo, e Mitt Romney, que, embora com menos sucesso, assumiu ser mórmon, em 2012. Independentemente do modelo que venha a escolher, Hillary Clinton terá grande dificuldade em fazer progressos quanto a outras questões, se desconfiarem dela, mesmo antes de ter tido tempo de abrir a boca.

 

O grande senão de Hillary Clinton é a pouca confiança que inspira: muitos norte-americanos não afiançam a sua integridade.

Como votam os latinos?

O maior problema de Donald Trump é de ordem demográfica. Depois de ter espicaçado os seus apoiadores a molestarem os ativistas afro-americanos, demonizado os imigrantes ilegais originários da América Latina e feito repetidas observações depreciativas acerca das mulheres, Trump entrará na corrida com uma enorme desvantagem matemática. Para conseguir vencer as eleições de novembro, terá de conquistar uma percentagem extremamente elevada dos votos brancos. Mas a verdade é que, neste ano de 2016, já aconteceram coisas mais estranhas.

Como candidato de segunda linha nesta corrida, Trump continuará a ter uma certa margem de imprevisibilidade. Vai se deliciar aplicando golpes de todos os tipos, inclusive baixos, na sua adversária, sempre que puder. E irá igualmente presenteá-la com um tipo de insultos que, até ele entrar em cena, eram tabu na política convencional nos Estados Unidos.

A questão fundamental é esta: não podemos confiar no bom senso tradicional. A cada nova geração, as velhas receitas milagrosas deixam de ter significado. Nos próximos seis meses, talvez venhamos a assistir ao drama político mais apaixonante da era pós moderna. “Vamos voltar a ser um belo pais cheio de afeto", afirmou Trump, na noite de 3 de maio. Algo me diz que ele talvez esteja redondamente enganado.

 

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