Seres do mar

Eles so algumas das mais recentes criaturas j descobertas. Vivem no mar, quase todos em grandes profundidades e perto de fontes termais prximas a vulces submarinos



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O balé do polvo Dumbo

O polvo Dumbo (Grimpoteuthis bathynectes) é um molusco que vive em águas muito profundas. Ele é dotado de duas grandes nadadeiras aos lados da cabeça, lembrando as orelhas do famoso elefantinho de Walt Disney.

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O exemplar protagonista desse belíssimo vídeo foi filmado ao largo do litoral do Oregon (EUA), a mais de 2 mil metros de profundidade, com uma sofisticada câmera de alta definição. Sabe-se ainda muito pouco desse animal. Ele vive numa zona na qual a luz do Sol não chega nunca, e se alimenta sobretudo de crustáceos, vermes e moluscos.


Não obstante a grande profundidade, o trecho de mar onde foram rodadas essas imagens está repleto de vida: estamos nas proximidades da cadeia de vulcões submarinos da falha de Juan de Fuca, no Pacífico norte-ocidental. Na zona, as fontes de água quente que emanam da crosta terrestre a temperaturas que podem se aproximar dos 500 graus centígrados favorecem a proliferação de bactérias quimiosintéticas. Trata-se de organismos unicelulares muito simples, que extraem do calor a energia necessária para transformar minerais inorgânicos em compostos orgânicos sobre os quais se fundamenta o inteiro habitat biológico dessas remotas fossas marinhas.

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1. Bactéria simbiótica

O Censo da Vida Marinha, publicado no final do ano passado, é a mais completa e aprofundada pesquisa sobre biodiversidade marinha jamais feita em toda a história. As pesquisas levaram dez anos, mobilizando 2700 cientistas de 80 países, 540 expedições científicas, 30 milhões de observações, 120 mil espécies descritas, 2600 artigos publicados.

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Ela começou no ano 2000, por iniciativa de um grupo internacional de cientistas e oceanógrafos e explorou, lançando mão até o limite da tecnologia disponível e das possibilidades humanas, cada ângulo dos mares e oceanos. Descobriu-se cerca de 6 mil novas espécies e estas são algumas das últimas descobertas.

Este grande caracol que aparece na foto (Alviniconcha sp) foi descoberto nos arredores de um vulcão submarino ativo ao largo de Tóquio. Vive em simbiose com alguns organismos quimiotróficos que encontram abrigo entre as suas brânquias. Trata-se de bactérias e outros microorganismos capazes de extrair de reações inorgânicas a energia necessária para o seu metabolismo. O exemplar da fotografia é o único jamais observado: por onde andarão os seus companheiros?

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2. Comida de baleia

Este microscópico crustáceo (Ceratonotus steiningeri) que não chega a um milímetro de comprimento foi descoberto em 2006, nas águas de Angola, a mais de 5000 metros de profundidade. Poucos meses mais tarde foi encontrado também no Atlântico sul-oriental e no Pacífico central. Como foi possível ele passar despercebido até então, dada a sua enorme difusão, permanece um mistério para os cientistas, inclusive porque a família dos copépodos, à qual ele pertence, é a mais importante fonte de proteína dos oceanos. O Censo permitiu afirmar que, em termos de peso, 90% das formas de vida marinha é de tipo microbiano. Calcula-se que o peso dos micróbios marinhos existentes na Terra equivale a cerca 35 elefantes por cada pessoa humana viva.

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3. A geléia dos abismos

Ele parece saído de um filme de ficção científica ou de uma brincadeira de Photoshop, mas, na verdade, esse animal gelatinoso e narigudo existe realmente, e é um peixe. O seu nome científico é Psychrolutes microporos. Foi descoberto em 2003 ao largo da Nova Zelândia, e vive entre os 1000 e os 1300 metros de profundidade.

Esse peixe não possui músculos e portanto não pode nadar. A sua carne, constituída de uma massa gelatinosa ligeiramente menos densa que a água, lhe permite flutuar a poucos centímetros do solo marinho, ingerindo toda e qualquer substância comestível que se encontra ao alcance da sua boca. Raríssimo, esse animal está em via de extinção por causa da pesca de arrasto.


4. Comedor de baleias

Esse vermezinho peludo é uma poliqueta (Vigtorniella sp.) encontrada a quase mil metros de profundidade na Baía Sagami, Japão. Ele estava no interior de uma falha marinha onde fora parar a carcaça de uma baleia morta. Os restos desses grandes animais, quando chegam ao fundo do mar, transformam-se rapidamente em verdadeiros ecossistemas cujo ciclo de vida pode chegar aos 100 anos, o tempo necessário para a completa decomposição da baleia.

O Censo da Vida Marinha tornou possível a compilação do IOBIS (www.iobis.org), o primeiro elenco completo das espécies marinhas conhecidas que, em setembro de 2010, já tinha superado as 190 mil unidades.


5. Vampiro vermelho

O aspecto inquietante e o nome ameaçador – calamar-vampiro – não fazem justiça a este inofensivo cefalópode que vive nas águas escuras e profundas dos mares temperados e tropicais.

O habitat ideal do Vampyroteuthis infernalis é entre os 600 e os 900 metros de profundidade, onde a luz do Sol já não chega e a oxigenação da água é baixíssima.

Como muitos outros cefalópodes de alta profundidade , o calamar-vampiro não possui a bolsa contendo tinta (ela seria inútil na escuridão); quando se sente ameaçado, ele emite pela ponta dos tentáculos um muco azulado e pegajoso que lhe permite afastar-se da zona perigosa sem ser perturbado.


6. Molusco couraçado

Uma das mais recentes descobertas desse enorme projeto de pesquisa é o estranho molusco retratado na foto. Encontrado nas proximidades do vulcão submarino de Kairei, no Oceano Índico, ele possui uma concha de multicamadas absolutamente inédita. Não se conhece nenhuma outra similar em toda a natureza, e nem sequer naquelas artificiais, projetadas pelo homem.



7. O espectro que veio do frio

Parece um fantasma saído de algum antigo naufrágio, mas na realidade essa criatura flutuante (Bathykorus bouilloni) é uma hidromedusa que vive nas águas do Ártico, a mais de 1000 metros de profundidade. Descoberta graças ao uso de veículos teleguiados, ela é bastante comum nessas águas geladas.


8. O caçador de caracóis

Um outro animal de aparência espectral ronda as profundidades do Oceano Ártico: trata-se de um molusco semitransparente (Platybrachium antarcticum) que se alimenta de pterópodos, lesmas que possuem concha.

Mas quantas são as formas de vida que habitam nos oceanos? Possivelmente nem sequer o Censo permitirá uma estimativa fiel do número total de espécies marinhas conhecidas e desconhecidas. Os pesquisadores concordam, no entanto, com a hipótese de que existem pelo menos um milhão de criaturas vivas diversas que podem ser consideradas espécies, e dezenas ou até mesmo centenas de milhões de tipos de micróbios diversos.


9. Medusa glacial

Esta medusa de cores muito vivas habita as águas do Ártico, a profundidades que vão dos 600 aos 800 metros. Foi descoberta em 2007 graças ao uso de um veículo teleguiado para exploração submarina, e foi ele que recolheu a amostra retratada nesta imagem.


10. Gosmenta feito uma lesma

Parece uma medusa, mas na realidade este pequeno invertebrado longo menos de 2 centímetros é uma lesma. A Corolla ovata abandonou a concha calcária, trocando-a por uma cartilagem, mais leve, que lhe serve para manter ancorados os músculos utilizados para nadar. Ela captura suas minúsculas presas secretando um muco grudento.


11. Mini-ladrão

Este minúsculo crustáceo (Chuneola paradoxa) comprido menos de meio milímetro, povoa as águas polares e vive como parasita junto às colônias de zooplancton sem concha, em geral pequenas medusas.

A pesquisa mostrou como, no fundo marinho, a quantidade de formas de vida atinge valores máximos na altura das regiões polares, ao longo dos litorais continentais, onde as correntes frias se movem em direção à superfície e as correntes equatoriais se separam.


12. A união faz a força

Descoberto em 2005, este invertebrado marinho (Marrus orthocanna) é na realidade uma inteira colônia de animais, melhor dizendo, de unidades biológicas singulares compostas apenas de tentáculos e de estômagos. Com comprimento de até vinte centímetros, ele foi descoberto entre os 300 e os 1500 metros de profundidade. Pertence à família dos sifonóforos, a mesma da temida água-viva conhecida como caravela portuguesa (Physalia physalia).

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