Rios de gelo derretem. Glaciares desaparecem por causa do aquecimento global

Em todos o mundo os glaciares estão derretendo. É um dos efeitos mais evidentes do aquecimento global: a prova irrefutável de que o fenômeno é bem real. Uma exposição em Roma confronta a situação atual com aquela que existia algumas décadas atrás.

Em todos o mundo os glaciares estão derretendo. É um dos efeitos mais evidentes do aquecimento global: a prova irrefutável de que o fenômeno é bem real. Uma exposição em Roma confronta a situação atual com aquela que existia algumas décadas atrás.
Em todos o mundo os glaciares estão derretendo. É um dos efeitos mais evidentes do aquecimento global: a prova irrefutável de que o fenômeno é bem real. Uma exposição em Roma confronta a situação atual com aquela que existia algumas décadas atrás. (Foto: Gisele Federicce)


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O glaciar Muir, no Alasca, era assim em 1941 (esquerda). A direita, foto contemporânea, de Fabiano Ventura

 


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Por Luis Pellegrini 

 

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Os grandes glaciares do Alasca, bem como os do Himalaia e do Cáucaso, dos Andes e dos Alpes são as primeiras e mais evidentes vítimas do efeito estufa. De 1850 aos nossos dias, a redução é de cerca 50% em relação às áreas que eles ocupavam. A causa do derretimento das geleiras é o aumento médio da temperatura atmosférica, hoje calculado em torno de 1 grau centígrado em relação a 1880.

Geólogos já conhecem bastante bem o que está acontecendo com os glaciares árticos e antárticos, e consegue-se hoje calcular com boa precisão a diminuição da área da banquisa na superfície congelada do Polo Norte. Bem mais complicado e difícil é seguir a evolução dos glaciares isolados que, dos Alpes aos Andes sul-americanos, recobrem as partes mais altas das montanhas. No entanto, segundo o cientista Roman Motyka, da UFA (University Fairbanks Alaska), a desagregação da calota do Glaciar Bay, no Alaska, comporta, sozinha, uma perda de 3.450 quilômetros cúbicos de gelo, o que equivale a uma elevação do nível dos oceanos de cerca 1 centímetro.

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À esquerda, o Grand Pacific Glacier, no Alasca, em 1899. À direita, a mesma região, hoje. Trata-se de um glaciar de 40 quilômetros de extensão, entre a British Columbia e o Alasca. Foto contemporânea de Fabiano Ventura

 

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A água sobe no mar

A mesma sorte tocou as demais extensões de gelo, como aquelas da Ásia Central e da América do Sul. Segundo a Environmental Protection Agency dos Estados Unidos, da metade dos anos 1940 até 2012 os glaciares do mundo diminuíram mais de 27 metros de água equivalente. Essa diminuição foi se acelerando a partir dos anos 1970.

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É provável que nem todo esse derretimento seja devido ao homem (como acontece para todo fenômeno natural de longo termo, as suas causas costumam ser muitas), mas não há mais dúvidas de que a nossa responsabilidade aumentou 25% de 1850 a hoje, como explica um artigo publicado pela revista Science em agosto de 2014. E se limitarmos a análise aos anos compreendidos entre 1991 e 2010, podemos afirmar que existe uma probabilidade de 69% de que os gelos derreteram por “culpa humana”.

 

O Muir Glacier, no Alasca, era assim em 1899. A foto à direita o mostra, hoje. Foto de Fabiano Ventura

 

Não é fácil acompanhar passo a passo fenômenos que duram décadas e que são extremamente lentos. Para fazê-lo, é muito útil colocar lado a lado fotografias panorâmicas produzidas por expedições científicas ao longo da história, e fotos feitas agora, por novos exploradores que visitaram os glaciares.

Este é o caso do fotógrafo italiano Fabiano Ventura, idealizador do projeto “Na trilha dos glaciares”, que põe em confronto imagens históricas de glaciares no Alasca, no Cáucaso e na cadeia do Karakorum (Ásia) com fotos contemporâneas feitas na mesma situação e nos mesmos pontos. Uma grande exposição de parte desse material está aberta ao público até 25 de fevereiro 2015 no Museu Nacional Pré-histórico e Etnográfico Luigi Pigorini, em Roma.

 

 

1 Panorama dos colossos do Cáucaso. O monte Tetnuldi (4.853 metros) e o monte Skhara (5.200 metros). Do confronto entre as duas fotografias, separadas por 121 anos, observa-se com clareza a retirada linear da frente dos dois grandes glaciares Adishi e Khalde. Foto histórica: Vittorio Sella, 1890. Foto moderna: Fabiano Ventura, 2011

 

 

2 Visão frontal do glaciar Adishi. Do confronto fotográfico fica bem evidente o colapso da inteira superfície frontal do glaciar. 
Foto histórica: 1884 Mor von Dechy. Foto moderna: 2011 Fabiano Ventura

 

3 O glaciar Chaalati. No Cáucaso, Geórgia, 121 anos depois da foto de Vittorio Sella. Nesse tempo a frente do Chaalati se retirou dois quilômetros e o glaciar perdeu mais de 200 metros da sua espessura. No fundo, o versante sul do monte Ushba (5.200 metros). O Chaalati, que hoje ainda leva a sua frente à quota mais baixa (até 1.861 metros) mostrou uma contração de 4,4 quilômetros quadrados (-27,1%) e uma retração frontal de 2,16 quilômetros. Foto histórica: Vittorio Sella, 1890. Foto moderna: Fabiano Ventura, 2011

 

 

4 O glaciar Tvuiberi, no Cáucaso georgiano. As duas fotografias são separadas por 127 anos. No lugar onde outrora estava a frente do glaciar, ergue-se hoje uma densa floresta. Desde a pequena era glacial, que atingiu seu apogeu nesta região ao redor de 1810, até os dias de hoje, o Tvuiberi, que até 1965 era o maior glaciar do Cáucaso, apresentou a maior contração de superfície (-16,4 quilômetros quadrados, equivalentes a 34,9% da superfície original) e a retirada linear mais impressionante (-3,98 quilômetros, cerca de 42% do comprimento máximo ao longo da principal linha de fluxo). Foto histórica: Mor von Dechy, 1884. Foto moderna: Fabiano Ventura, 2011

 

5 Visão das Torres de Trango, no Baltistã, Paquistão. As fotos foram feitas a partir do velho campo-base de Liligo. No confronto entre as duas fotografias, efetuadas no intervalo de 100 anos, fica bem evidente a perda de espessura do glaciar Baltoro estimada, nessas zonas centrais, em cerca de 50/60 metros. Foto histórica: 1909 Vittorio Sella. Foto moderna: 2009 Fabiano Ventura

 

6 Frente de gelo Biafo (Karakorum). O confronto entre as duas fotografias torna evidente a retirada de mais de 3 quilômetros dessa frente de gelo e a sua perda de massa em toda a zona observada. Foto histórica: 1909 Vittorio Sella. Foto moderna: 2009 Fabiano Ventura


Vídeo Euronews - Euronews science - Em todo o mundo, os glaciares derretem a um ritmo impressionante. Um ritmo que ultrapassa até as previsões mais pessimistas. A tendência voltou a ser confirmada por um estudo recente da Universidade da Savoie, em Chambery, França. O degelo dos glaciares é a principal causa da subida do nível dos oceanos. Todas as localidades situadas à beira-mar em todo o mundo  estão em situação de risco.

 

 

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