Preconceito de fé. A escalada do racismo religioso no Rio

Aumenta em 51% o número de casos de intolerância religiosa no RJ.Algumas das agressões e preconceitos são praticados por traficantes ou milicianos. Delegacia voltada para atender a área e para crimes raciais foi inaugurada. No Rio, traficantes proíbem moradores de usar branco por ‘remeter a candomblé e umbanda’



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Quem vive em Parada de Lucas, na Zona Norte do Rio, não pode andar de branco pelas ruas do bairro. É que os comandantes do tráfico na região — todos evangélicos — proíbem a cor por, na visão deles, remeter a religiões de matriz africana e ao espiritismo. Boa parte dos casos – em franca expansão – de terrorismo contra terreiros de candomblé e umbanda do Rio, como se sabe, também tem ligação com traficantes evangélicos.
Em 14 de agosto, por exemplo, a 62ª DP, da Polícia Civil, prendeu oito suspeitos de integrar uma quadrilha que ordenou a destruição de um terreiro de candomblé no Parque Paulista, em Duque de Caxias (RJ). Em julho, eles obrigaram uma mãe de santo de 84 anos a quebrar ela mesma todos os assentamentos sagrados dos orixás.

Só entre janeiro e agosto deste ano, houve 150 ataques a terreiros no estado do Rio – a grande maioria, 92, na Baixada Fluminense -, um aumento de 120% em relação ao mesmo período do ano passado, segundo a Agen Afro, da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa.

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Terreiro destruído no Rio de Janeiro


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Por: Bette Lucchese

Fonte: https://g1.globo.com/

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Aumentam os casos de intolerância religiosa no RJ

O Rio de Janeiro ganhou a primeira delegacia de combate a crimes raciais e delitos de intolerância (Decradi). Os agentes passaram por treinamento para atender as vítimas de racismo, homofobia e intolerância religiosa.

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De janeiro até a primeira semana de dezembro, há registros de 103 casos de intolerância religiosa no Rio de Janeiro. Em 2017 foram 68 casos. Um aumento de 51% de acordo com a secretaria estadual de Direitos Humanos.

Casos de intolerância religiosa aumentam 51% no RJ — Foto: Reprodução TV Globo

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“Muitas vezes, os atos que nós percebemos aqui é em decorrência das vestimentas das pessoas. Começa com um olhar atravessado. O segundo passo, muitas vezes, é uma palavra colocada de puro preconceito”, explicou Átila Alexandre Nunes, secretário estadual de Direitos Humanos.

Uma pessoa ouvida pelo RJ2 contou que sofre perseguição religiosa dentro da comunidade onde vive. A testemunha conta que não pode usar nem roupas e nem acessórios que revelem a religião dela.

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A pessoa não pode usar seus turbantes ou roupa branca porque na comunidade quem for candoblecista, umbandista está proibido.

“Eles já fecharam os terreiros em torno da comunidade”, conta.

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De acordo com a secretaria de Direitos Humanos, as religiões de origem africana são as que mais sofrem perseguição.

As denúncias tratam de:

  • Candomblé – 31%
  • Outras religiões de matriz africana 26%
  • Umbanda 17%

As mulheres são as maiores vítimas da discriminação: 47%. Uma parte dessa perseguição é imposta pelo poder paralelo. Os traficantes também passaram a interferir nas questões religiosas.

Os locais com maior número de denúncias:

  • Rio de janeiro – 49%
  • Nova Iguaçu – 10%
  • Duque de Caxias – 7%

“Você fica oprimido porque fica ameaçado. São fuzis pra lá, fuzil pra cá. Quem é que vai se colocar perante uma arma? Então, você tem que morar nesse local. Você não tem dinheiro para sair de lá”, conta a testemunha.

No Brasil, o direito ao livre exercício religioso é assegurado por lei.

A Constituição Federal, no artigo: 5° VI, estipula ser inviolável a liberdade de consciência e de crença, assegurando o livre exercício dos cultos religiosos e garantindo, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e as suas liturgias.

No Rio de Janeiro, a discriminação é o tipo de violência mais registrada, com 22%. Em seguida vem a depredação, com 13%, e em terceiro lugar a ameaça ou coação, com 9%.

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